Uma crônica simples

Uma crônica simples de segunda-feira começa com o aroma do café recém passado e com o cheiro do pão feito em casa. Depois com a cor do céu azul, das árvores verdes e com a carícia refrescante da brisa que corre por baixo das árvores, fazendo par com a sombra destas.

Aí segue com os gatos miando, os cachorros latindo e a criança falando. Os felinos querem ração, os caninos "bifinho" e o humano deseja "nhami-nhami" (tradução: uma barrinha de cereal zero). A criança "ajuda" com a ração, atrapalhando, mas torna a atividade com uma graça que, sem ela, de forma alguma teria. Os passarinhos, lá de cima, assistem a tudo. Ou não, só estão ali porque estão a fim de estar ali, alheios a nós, ligados nas coisas deles. Não somos o centro do mundo e uma crônica simples de segunda-feira é o melhor lugar para se escrever isso: existem outras perspectivas.

Uma lagartixa GG (grande e gordinha) sobe ágil pela parede amarela, mirada pelos bichanos. Os cães se coçam enquanto a criança vira o pote d'água deles e se molha toda. O velho surdo da casa ao lado solta um punzão e gargalha com a audácia e a certeza que somente os que supõe terem sido silenciosos possuem. Numa crônica simples de segunda-feira tem de ter pum.

E era isso. Termino agora porque uma crônica simples de segunda-feira deve ser breve, senão vira pretenciosa e perde a simplicidade. E também tem alguém chamando lá na frente da casa. Uma boa segunda-feira e uma boa semana para todos. Esse mundo é simplesmente belo. Cuidem-se.