Crônica-rodapé


Vão me perdoar por insistir no assunto de minha última crônica ("O nosso Lula", Galho de Arruda, 30.10.2007). Acabo de ler em O Globo a carta de um leitor apavorado com a idéia de compartilhar sua antipatia pelo presidente venezuelano com o senador José Sarney. (Leitoras e leitores galho-arrudistas devem estar lembrados de que o homem do Maranhão e do Amapá veio ontem a público para desancar o regime excessivo-democrático do país vizinho.) Compreendo o pavor do missivista. Como diria minha avó materna, é de amargar. Lembro, no entanto, se isto pode servir de consolo, que dá muito bem para não gostar dos dois, da mesma forma que ninguém vai deixar de condenar o terrorismo internacional só para chatear o reacionário Bush. Não se amofine, Josino (é o nome do autor da carta ao jornal). Vivemos numa confusão falso-ideológica dos diabos, tudo tocado a grana preta, conveniências político-partidárias, favores pessoais, e vontade de poder, muita. Não se admire se amanhã sua desagradável companhia de hoje venha a fazer a palinódia do atual discurso, em troca de acenos mais favoráveis à diuturna ocupação peemedebista no Estado.

[31.10.2007]