A ESPERA DE UM FILHO

Salvo raras exceções, as mulheres vivem a espera de um filho.

Muitas vezes, ainda antes de dar os primeiros passos, ela já recebe de presente uma boneca – seu primeiro bebê.

À medida que a menina vai crescendo, vai recebendo bonecas diferentes, vestidas de menino ou de menina; a coleção vai aumentando.

Chega um momento em que a garota brincando com as suas bonecas idealiza um bebê de verdade. Ela age como se a sua boneca fosse uma criança sob a sua responsabilidade. E observando as mães cuidando de seus rebentos, ela sonha com a sua vida cercada pela sua prole.

Chegando a idade adulta, e muitas vezes ainda na adolescência, ela começa a se preparar para um dia, de fato ser mãe.

Em muitos casos, depois de se preparar devidamente ela fica grávida, e a partir daí começa a contagem regressiva para o dia em terá o seu bebê nos braços. Porém, em muitos outros casos, ainda adolescente, e mesmo sem a devida preparação, ela é surpreendida pela gravidez que aconteceu precocemente. Ainda assim, mesmo com as suas estruturas abaladas, e o desconforto dos seus pais, a espera pelo filho povoa a sua mente; algumas vezes, assim como aconteceu uma gravidez inesperada, ela também amadurece antecipadamente e dá inicio aos planos de como criará o seu filho.

Nasceu um menino, agora o momento é o de esperar que ele cresça com perfeita saúde mental e física, e seja a alegria do lar.

O garoto é bastante saudável e inteligente. Ele vai bem com os estudos, e é muito bem educado. Uma criança, que se não agrada a todos, pelo menos a sua mãe o considera adorável.

Ele cresceu depressa, passou pelos inconvenientes da adolescência, e agora é também uma pessoa adulta. Está cursando uma faculdade, e seu projeto é para logo após a formatura encontrar um ótimo emprego e pensar em constituir a sua própria família. A mãe então, embora preocupada em perder a presença constante do seu filho, ela espera e deseja que ele tenha muito êxito em seus empreendimentos.

Ele se formou, tem um ótimo trabalho, se casou, e agora existe uma nova família, o filho se tornou pai, aquela mãe se tornou avó, e ama os netos, até mais do que ama o seu filho.

Ele não a vista com assiduidade. Ela entende que os compromissos com o trabalho e a família ocupam bastante o tempo do seu filho, que para ela sempre será o seu menino. Mas embora tenha esta compreensão, ela gostaria de vê-lo com mais frequência, ela sente falta, mas ele não dispõe de tempo, por isso não aparece para que ela mate as saudades. Então ela telefona e o convida para jantar sábado, ou almoçar domingo – ele tem a opção de escolher. Ele escolhe o domingo, a mãe prepara um almoço bem caprichado e passa um dia muito feliz com seu filho, sua nora e seus netos.

Ela já está idosa, porém, não cansa de esperar que seu filho passe para uma visitinha, mesmo que seja rápida.

O tempo vai passando, a distância entre eles vai aumentando, ele telefona para saber se ela está bem. Porém, o que ela realmente espera é a presença do filho que não vem.

01/02/2021

Este texto não se aplica a todos os filhos, ele foi escrito baseado na vida de grande número de mulheres e de homens que vivem sós, ou até mesmo em casas de repouso, e esperam pela visita do filho único, que nunca aparece.

Zezé Freitas
Enviado por Zezé Freitas em 01/02/2021
Código do texto: T7174125
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.