QUANDO "TUDO" ANDA BEM
Quando tudo anda bem, celebramos a vida, dispensamos os sentinelas das guaritas e só escutamos pássaros cantando ao redor. Essa sensação deliciosa ilumina nossa alma e enche de flores o coração. Só que algumas vezes, o tudo que andava bem era, de fato, um "tudo". Quero dizer que quando vivenciamos uma plenitude absolutamente positiva, é instinto natural deixar de lado as coisas que incomodam, chateiam, atrapalham. Sempre terá algo enferrujado ou enferrujando, alguma "dobradiça" rangendo, certa parte do corpo doendo, certa dúvida ou inquietação cutucando sem cansar. Sempre terá algo com gosto estranho, algum vento adverso, certo lado torto ou quebrado. Mas a prevalência do bom nos cega, nos ilude ou nos faz enxergar menos determinadas rebarbas que, apesar não estarem no foco de luz naquele momento, existem e isso não dá pra negar. Ter a capacidade, ou humildade, de não ignorar as partes mal ajambradas da nossa história quando só escutamos aplausos, é o caminho mais curto e certo para tudo andar bem de fato. Sem ressalvas, sem vaias, sem talvez.