"MACACOS ME MORDAM" !

"MACACOS ME MORDAM" !

"Há mais coisas entre o Céu e a Terra

do que sonha a vã Filosofia".

W. SHAKESPEARE

A exporessão que dá título a essa despretenciosa crônica não vem de nenhuma "banana suicida"... surgiu com nossos ancestrais, lá por 1700 ou 1800, significando incredulidade, estupefação, substituída agora por "caraca", caramba, "cacilda", "caracoles" ou o inconveniente "c#r@lho" ! Usei-a por um motivo mais nobre: longo artigo na revista GALILEU de fev./1999 trata da "ressonância mórfica", ligação invisível total entre seres da mesma espécie, de macacos a homens, de lagartixas a células. Logo, quando alguém APRENDE algo -- todas as espécies no Mundo -- "transmite" o novo conhecimento para seu Grupo. Macacos, em 2 ilhas distantes, repetiriam as mesmas práticas do grupo na outra ilha, cedo ou tarde. (*1) Isso "explicaria" nos tempos modernos comportamentos estranhos como o nazismo, o facismo, comunismo, petismo, bolsonarismo, trumpismo, consumismo e outros "ismos" !

Vale também para preconceitos diversos -- contra os negros, por exemplo -- ou, em determinadas regiões do Brasil, para a ojeriza contra "gente de fora", os insuportáveis "sulistas", ou nordestinos, ou cariocas, ou gaúchos... e vai por aí !

Não é esse o assunto... nossa CAPOEIRA, hoje em todos os países, já viveu esta discriminação, este menosprezo. Nosso esforço com o CCCP - Centro Cultural de Capoeira do Pará (1988/92) foi tentar superar tais barreiras e dependíamos dos Correios da época, que só atrapalharam e impediram o sucesso de nossas pretensões. Houve um momento em que nem os ARs (aviso de recebimento) voltavam. Hoje sabe-se que seus aminhões continuam sendo assaltados e os marginais jogam a carga inteira no mato. Em outros paíse receberíamos a correspondência mesmo violada, anexada a um pedido de desculpas. Aqui, só silêncio ! Ainda assim a Capoeira de Belém chegou ao Exterior, através da Rádio Clube, pelas mãos do excepcional radialista Amaury Silveira, cujo programa matinal estava ligado em 1988 ao de uma cidade japonesa, via intercâmbio. Talvez pela primeira vez se ouviu os acordes de mestre Suassuna lá, com a belíssima "Quem vem lá sou eu" !

Em fins de 1989, tempo eleitoral, voltei à Rádio, agora falando para o Pará inteiro, graças ao simpático ator "Paulão", um dos mentores da famosa peça "Verde Ver-o-Peso". Mal sabia êle que eu já convivia com o magnífico ator "Ramon Stergman" (alter-ego de Carlos Alberto Bittencourt), que reivindicava para si a autoria da obra e queria me meter nesse "imbróglio". "Paulão" me deu dicas de como falar ao microfone e lá foi a Capoeira, com Suassuna de novo, ecoar nas florestas e rios da Amazônia. Gentíssimo, "Paulão" me levaria à sala da diretoria da TV RBA, onde estavam os 2 filhos do senador-pai JB, Jáder e Hélder, bem novinhos. Como bom carioca pensei em fazer piada -- havia "rachas" na Doca, só de filhos de figurões -- mas me calei, a importância do ex-governador já era sentida nos filhos. Nessa época, por gentileza do jornal carioca BALCÃO, alcançamos a Europa e os EUA, com anúncio em inglês oferecendo texto e fotos de nossa Capoeira.

SONHAMOS muitos sonhos, quase não realizamos nenhum: a Capoeira em selos, cadernos, folhinhas e toalhas era algo inédito, a em camisetas o pessoal de Salvador já fazia desde os anos 60/70. Tentei produzir imagens dela em CARTÕES telefônicos, NOVIDADE em 1988, substituindo as chatíssimas fichas de alumínio barato. Em vão, a TELEPARÁ não fazia, só no Rio. Meses depois de escrever para lá, sem receber resposta, eis que o Judô emplaca o cartão inédito. Quase chorei de raiva... no meio da história, claro, os Correios. Se a TELERJ me respondera, nunca recebi ! Felizmente, era tanto o material vindo de Aracaju que nos foi possível fazer a primeira exposição "CAPOEIRA: do início aos nossos dias" (julho/1989) praticamente só com produções dos Grupos Mocambo / Mocambolas, de mestre "Alvinho Sucuri" (Álvaro Machado ?) e os de um certo mestre "MACAÔ" -- poeta e artista da Capoeira -- que faleceria tempos depois. (É quando mais lamento ter destruído nosso acervo, por volta de 2010 !) (*2)

Nas férias de 1990, Belém inteiramente vazia, todo mundo nas prais e nós morando num "barraco" em "invasão" -- levamos reprotagem para lá, Paula Sampaio como fotógrafa -- nova exposição, "Capoeira: Arte-Final", ainda sem apoio. Fizemos "na marra", com folhas de cartolina emendadas (as fotos não mentem), desenhos expressivos com ais de 1 metro cada e muita vontade de impressionar.

BINGO ! Em julho/1991 tivemos todo o apoio que sonhávamos e "A CAPOEIRA EM TODAS AS ARTES" surgiu esplêndida, tendo o CENTUR apoiado nossas pretensões, na pessoa de Regina Maneschi e sua simpática assessora, da qual esqueci o nome, para azar dela. (*3) A FOTO GALERIA, nome respeitado em Belém, através do dono, dr. Rui Nogueira, não economizou meios e cumpriu todos os nossos desejos, tendo produzido ainda (em dezembro/90) 110 postcards de Feliz Ano Novo -- um marco em termos de Brasil -- distrubuídos a jornais e TVs de Belém, a revistas e entidades locais. Voltaríamos ao CENTUR em fins de 1993, graças ao professor de Educação Física Paulo Maneschi, durante um Simpósio sobre Esporte, com 3 dias de duração e a presença do Ministro da área, (Arthur ?) Nuzmann. Pra nosso azar, funcionário mal intencionado desmanchou a Exposição ao meio-dia (ela iria até 15 hs) deixando os cartazes abandonados no salão, nós vendo semana de VÍDEOS nossos de Capoeira, em outro andar do CENTUR. Pessoas levaram meia dúzia deles cujas fotos (e alguns postais) raríssimas, estão por aí ! Reportagem feita pela TV Liberal levou nosso trabalho, via Rede Globo, pro Brasil inteiro e pode PROVAR ainda hoje que o material -- na casa "de uns e outros" em Belém era nosso !

É essa a nossa HISTÓRIA... quem tiver 1, que conte a sua !

"NATO" AZEVEDO (em 1º/jan. 2021, 9hs)

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OBS: aguardem os COMENTÁRIOS... termina hoje de tarde, 7/jan. !