Dias melhores voltarão

E aí, pessoal, foi tudo ok com vocês no Natal? Dias 24 e 25 são datas especiais no ano e, antes de um feriadão, então, uau syl! Muito legal. Claro, desde que estejamos todos bem, em família. Espero que esse tenha sido o Natal de todos vocês que estão lendo essa crônica.

A imagem que ilustra o texto se refere a um Natal pretérito, oito anos atrás... 2012 foi um ano legal. Tranquilo. Estudos acadêmicos e matérias jornalísticas discorriam sobre a emergência de uma nova classe C, as pessoas estavam comprando carro, viajando, passando o réveillon na praia. Aguardávamos ansiosamente - mesmo com o "não vai ter copa" - a Copa do Mundo no Brasil para 2014 e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016. Ninguém esperava que 2013 fosse ferver, não é mesmo? Mas ferveu, em pleno inverno, nas Jornadas de Junho, que iniciaram por 0,20 centavos nas passagens de ônibus, lembram? Milhões de pessoas tomaram as ruas. Em 2014, conforme os dados do IBGE, o Brasil viveu, praticamente, uma situação de pleno emprego. Todavia, a crise política que iniciou em 2013 aglutinou uma crise econômica a partir de 2015 e, de lá para cá, quem vive de salário, tenha consciência disso ou não, começou a sofrer grandes perdas...

Perdemos a luta pelo emprego direto na firma, com a terceirização; a luta pelos direitos trabalhistas e pela plena liberdade de recorrer à Justiça do Trabalho, com a reforma trabalhista; a luta por investimentos constantes em Saúde e Educação, com a PEC do Congelamento; a luta pela aposentadoria digna, com a reforma da Previdência. Isso tudo num quadro onde o desemprego se mostra resistente, devido ao desemprego estrutural tecnológico amplificado pelos efeitos da revolução digital no processo produtivo e, por conseguinte, no mundo do trabalho - um caminho dramaticamente sem volta, onde se fala até em prescindibilidade da força de trabalho humana na produção, um problemão socioeconômico daqueles. Nesse exato momento, estabelecidas essas derrotas históricas, estamos reduzidos, no Brasil, à luta pela vida e pela democracia. Sim, chegamos a esse ponto.

Retrocedemos, no período, às distinções anacrônicas entre comunismo x fascismo importadas do museu político mundial, lá do início do século XX, antes mesmo da Guerra Fria. Se fosse apenas esse caricato descompasso histórico, "menomale". Entretanto, temos também a pandemia em curso, uma situação planetária sem precedentes para as atuais gerações, eis que remete à Gripe Espanhola/Americana de 1918. Isso tudo para provar aquele dito popular que desgraça pouca é bobagem. São 190 mil óbitos notificados - que alguns especialistas estimam ser cerca de 230 mil, de fato, devido à subnotificação - e o Brasil, ao que tudo indica, no fim da fila para a vacinação. Não bastasse isso, com parte da população imersa numa nova Revolta da Vacina, como a de 1904, agora espantosamente repetindo os erros do passado. Para completar, temos a erva daninha do negacionismo que ainda viceja como praga na lavoura, um mau exemplo que vem de cima e que encontra eco e apoio embaixo.

Claro que não vamos voltar a 2012, passado é passado. E, a algo parecido, não tem como, no curto e no médio prazos. Todavia, penso ser a vacina, mesmo com o atraso - que significará mais mortes evitáveis -, o início da retomada de um tempo melhor que, espero firmemente, comece a se consolidar em 2022. Dez anos de crise que antecedem dez anos de bonança. Um pouco o sonho das vacas gordas e das vacas magras do faraó que José interpretou, só que, no nosso caso, invertido. É o que espero, pelo menos. Tem de ser, né?

A esperança é a penúltima que morre, como disse Eduardo Dusek. Então, digo: dias melhores voltarão! Torçamos, rezemos e trabalhemos por isso.