O MAIS GOSTOSO DA VIDA
O mais gostoso da vida é rir dos próprios tombos e se deliciar com as desventuras, especialmente quando as águas retornam à calmaria.
Sentir cada ruga brotando, cada cabelo branco acenando, cada calo esculpido pela caminhada vindo à tona.
O mais gostoso da vida é ser capaz de degustar o sabor da gratidão e voar nas asas benditas do perdoar e do acolher.
Reconhecer que somos criaturas errantes, frágeis, com defeitos de fábrica com os quais conviveremos até a respirada derradeira.
Que todo mundo também é assim, com suas limitações e rebarbas, e que aceitá-las é simplesmente divino, mesmo sem entendê-las sempre.
O mais gostoso da vida é exercitar o amor nos seus tantos cenários, nos seus tantos chãos, nos seus tantos gostos.
E, sobretudo, nunca esquecer que temos um prazo de validade.
Dessa forma, fazer de cada segundo uma eternidade, evitando desperdiçar os momentos com besteiras, rancores, revoltas e até vinganças que não servem pra nada.
Assim, no final das contas, teremos deixado um rastro que não merecerá ser apagado de vez com sopro qualquer.