UM CERTO MÊS DE AGOSTO.
Nos vais e vens desse dia marcante pelo clima quente a pesar desse horário matinal na rotina repetitiva o ontem foi igualzinho hoje, os sons do transcorrer da vida, os arrolhar dos pombos estufando o peito, o cântico estridente dos pardais alojados nos telhados ali bem próximo, as buzinas do ontem são as mesmas d’agora até parece ecos das que ouvimos nos outros dias. Nas bancas de jornais os títulos das reportagens chamam atenção com letras expostas pela manchete. “Feminicídios, resultado de não aceitar o fim do relacionamento” ciúme doentio mesmo que a mulher não é mais de seu convívio, mas muitos maridos machões se desesperam, assassinar a es companheira ou suicidar-se isso é a primeira vontade que vem em mente.   
Fiquei curioso pelo que li nos jornais expostos continuei a trocar meus passos sem pretenção de chegar a lugar nenhum,   enquanto eu caminhava despreocupadamente, quase fui ao chão quando um menino aí de uns dez anos correndo em círculos, brincando em meio à uma turma de outros esbarrou me em gritos dizia:- Tio ele quer me pegar. perguntei:- quem quer te pegar? o menino me disse:- ... a morte, é a morte.:  respondi em tom de brincadeira:- não precisa se preocupar, você é ainda é muito novo, a morte não lhe alcançará tão já. o menino me respondeu querendo me explicar de que se tratava essa brincadeira: - ... é uma brincadeira que estamos fazendo, é diversão atoa.                                                observava o que acontecia naquele calçadão quase deserto.
Vi um senhor idoso a caminhar pelas ruas, lento trocava os passos sem coordenação, torto, desequilibrando para o lado esquerdo da rua, desatento, parece não ter pressa de chegar à sua casa,  não tinha muita firmeza ao plantar os pés no chão calçado de pedrinhas Portuguesa, o vento tocava forte seu chapéu enquanto segurava com uma mão na cabeça, outra agarrado ao seu casaco de tecido casimira inglesa, apesar das mãos ocupadas ainda apertava nas axilas um jornal de noticia diárias.
Naquela manhã ensolarada o reflexo do sol  tocava a banca da tabacaria, um senhor barrigudo de boina caída na testa sentado em um banquinho aguardava a freguesia, leitores dos noticiários exposto a venda, hora fumante que procurava aquele ponto para comprar o fumo para abastecer seus cachimbo alguns desleichados sujo de fumaça e sarreado de nicotina, falava pouco quando dizia em sotaque espanhol Argentino, sempre mordendo com os lábios, as vezes segurando com os dentes um cigarro artesanal de palha enrolado com o fumo de corda exalava a cada baforada uma nuvem de fumaça mau cheirosa, próximo dali a estação ferroviária, as locomotivas engatadas em uma enorme  fila de vagões se arrastando sobre essas pegadas de ferros fixada no chão forrados de pedras britas, os dormentes que sustenta o peso da máquina trepidavam quando a majestosa locomotiva passava quase esfregando no chão o limpa trilhos abrindo alas e correndo em frente.
Bem na hora da chegada ou na hora da partida o condutor maquinista acionava as potentes cornetas, despertando o cochilo do senhor da tabacaria, o velho que carregava os jornais debaixo do braço também se assustou, mas parou bem na travessia travada com as cancelas impedindo o trânsito de veículo, a locomotiva seguiu em frente se perdendo na curva além do arvoredo que beirava aquela velha estrada de ferro, os trilhos ficaram ensanguentados, os jornais do diário de notícias voaram ao longe soltos ao vento, mas o casaco de casimira com o impacto das rodas de ferros, ficaram cortadas como fazem as tesouras de um  alfaiates, em transversal, só restou a certeza pelo nome gravado com letras manuscrita no relógio de pulso, já passados alguns meses perdeu sua companheira para uma doenças dessas que se contaminan-se com facilidades; dessa vez o viúvo senhor Gerônimo, com a mesma caligrafia que fora gravado em uma das duas alianças de casamento que carregava no dedo.
A morte que os meninos em brincadeira corriam para se safarem, fez as pazes com o senhor Gerônimo, mas a rotina continua, logo a noite dormiremos para amanhã acordarmos insistindo em driblar essa as mesmices, seu Geronimo sessou os passos quando todas a manhãs comprava seu jornal de noticias diárias.
26/12/2020/*antherport*    

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 26/12/2020
Reeditado em 01/08/2022
Código do texto: T7144293
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