Velha Infância
Querido diário, hoje é 19 de abril de 2061, uma terça-feira. Estou em frente à minha casa sentada numa cadeira de fio vendo o sol se pondo, na rua passa algumas motos e carros, eles devem estar voltando do serviço e indo para as suas casas. Na calçada vejo alguns cachorros brincando e latindo, também vejo as vizinhas Helena e Carla fofocando, pensa em duas vizinhas fofoqueiras estão ali querido diário, elas só vivem cuidando da vida dos outros. Algo me chamou muita atenção nessa tarde, também vejo algumas crianças sentadas no meio fio jogando no celular.
Quando eu olho para essas crianças eu me lembro de quando eu era criança, dos meus 6 anos, dos meus amiguinhos, da vizinhança e da minha casinha, quantas saudades eu tenho daquela época, uma época em que as ruas eram tranquilas e nós nos reuníamos todas as tardes para brincar de rouba bandeira, soltar pipa, pular o elástico, pega-pega, pula corda, cobra cega, pula tábua, cabo de guerra, telefone sem fio, pique-esconde, peteca, gato mia, jogar bola, queimada, bolas de gude (mais conhecidas como bulitas); e o tão famoso campeonato de bets da minha rua, nunca consegui ganhar, mas jogava todos os dias. É querido diário, aqui estou eu com 61 anos sentada numa cadeira de fio olhando o movimento da rua e pensado, eu daria de tudo para voltar ao passado e brincar pelo menos mais uma vez na rua com os meus amigos. Hoje aqui se finda mais um dia com muitas saudades da minha velha infância,
Boa noite querido diário.