Após o apito final

Nessa madrugada estava olhando no You Tube uma partida de futebol de 8 de novembro de 2011. Foi bom porque, embora já conhecesse o resultado e já soubesse do campeão, como nunca vira o jogo antes, não tinha ciência de quando e como as coisas aconteceram durante os 90 minutos. Assim, de certa forma, foi uma novidade.

Ver a festa após o apito final, a alegria dos vencedores com os quais simpatizo, foi algo bem legal. Eu, em casa, às duas da madruga, voltando a um passado, em parte, para mim, inédito. De antemão, sabia que toda aquela alegria e toda a promessa de futuro dela advinda duraria pouco, pois 2012 e 2013 não seriam anos bons para aquelas pessoas. "Tudo o que é sólido se desmancha no ar", escreveram há tempos os jovens amigos Heinrich e Friedrich. O que aprender disso?

Que a gente não sabe o que vem por aí, após o apito final. Não é ser fatalista, passivo ante a inexorabilidade de um futuro já pré determinado. Temos, sim, de planejar e ir atrás de nossos objetivos, sujeitos de nossa história que somos, individualmente e socialmente. Todavia, não temos o controle total das coisas. Num momento de euforia, pode parecer que sim; num momento de desânimo, pode parecer que não possuímos controle algum. As duas conclusões são equivocadas. Podemos quase tudo, mas não temos o controle total das coisas. Eu, por exemplo. Nós, por exemplo!

Esperava um 2020 bem diferente. Tudo virou quase do avesso. O sólido virou fumaça. Nem preciso falar sobre isso, todos sabemos o que tá rolando. "Que fazer?", como perguntou Vladimir Ulianov. "Mesmo com todo emblema, todo problema (...) a gente vai levando" numa noite de segunda-feira, né Francisco? Viver é sobreviver, correndo riscos calculados: "Desesperar jamais, aprendemos muito nesses anos, afinal de contas não tem cabimento, entregar o jogo no primeiro tempo", disse muito bem o Ivan.

Após o apito final uma nova temporada vem por aí e, por mais que estejamos preparados para ela, não sabemos com absoluta certeza o que vai rolar. Eis "a vida como ela é", senhor Nelson. "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima", né Beth? Com certeza!