"NÃO ACREDITO EM TEORIAS CONSPIRATÓRIAS"- diários da quarentena para malucos da conspiração
02 de novembro de 2020
Continuo não entendendo as maneiras escapistas travestidas de santidade tanto dos membros da igreja quanto de líderes e pessoas da classe média atual para não tratar de assuntos de perseguição religiosa e da humanidade.
Aqui e acolá se veem alguns verdadeiros inconformados tal como eu falando de “direito religioso” ou liberdade de manifestação de todos sendo reprimidas, mas, com tanta oposição e silenciamento da horda coletivamente mais numerosa, as forças de pessoas patéticas tais quais esses poucos se esgotaram ao nível da exaustão.
A voz sai cansada e chega risível e derrotada para quem escuta esses seres quase inumanos falando. Talvez eles pensem: “Eles estão loucos”, derrotados. Mas prefiro acreditar que o que explica a opinião dessas pessoas é o que já ouvi nesses dias de alguns seja direta ou indiretamente: “Não acredito em teorias conspiratórias”, disseram-me. É essa a ideia principal talvez mais presente na mente de todos os líderes religiosos, das pessoas de classe média em geral (seja baixa ou alta) e de grandes empresários, em geral, que poderiam, se fossem um pouco mais cuidadosos, ajudar aos “malucos das teorias das conspirações” a resistir ao totalitarismo presente em tempos de pandemia, se acaso pensasem diferente.
Não que eu queira ser tão deprimente, nem dar nenhuma solução para nada. Proponho-me a apenas registrar minhas impressões de tempos pandêmicos para, se acaso, no final de todos esses registros, possamos, no mínimo, continuar sãos com a mente ao menos ordenada em pensamentos um tanto mais claros e lineares sobre essa loucura toda a que nós todos fomos submetidos.
Por ser não tanto jovem para não ser um inocente útil e inconsciente nem tão velho para não ser um inútil cansado e consciente, procuro algumas explicações para as insanidades da vida, por tentarem retirar tudo o que de bom ainda nos resta das vivências mínimas e belas das relações humanas, tais como reuniões com bolinhos , café e chás na igreja ou clubes de leituras também com bolos e cafés uma vez por mês, aqui em casa. Mas, parece mesmo que ninguém quer considerar a hipótese de que até isso estão querendo retirar de nós, sem maiores justificativas com dados corretos, por exemplo, dos números de mortes por coronavírus. Seriam elas mesmas verdadeiras, afinal há tanta coisa dizendo o contrário?
Então, procuro a ajuda de algum idoso em minha família, quem sabe ainda não senil e não entregue ao "Não quero mais pensar em nada" ou ao "já deu meu tempo aqui e não quero conversar sobre assuntos chatos", porém não acho ninguém, pessoalmente. Talvez a razão dles seja a de que tenham ficado, também, meio desgostos diante de tantas loucuras de nosso tempo, em tão pouco tempo, ou pode ser que já os idosos sofrem das influências do característico "medo das pessoas" ou do “medo de tudo”. O fato é que sinto-me um Moisés carregando o povo no deserto, alheio a tudo o que ocorre em volta, a todos os perigos e alertas dados. Não me julgo nenhum sabichão ou pretensioso, conforme possa parecer à primeira vista. Apenas tenho esse sentimento de solidão melancólica e é só isso o que posso fazer mesmo, relatar isso num diário para quem sabe quem o ler.
Entregar-me, pois, a essa tarefa e a de leituras de livros de pessoas mais velhas que eu talvez seja a única coisa que resta de prazer verdadeiro ou metafísico nessa nova vida (ou novo normal). Digo isso porque quem escreve essas coisas que eu leio e me fazem um certo bem talvez tenham também ponderado, ainda que em suas mentes inconscientes, que a única maneira de se manter são (e salvo do caos mental) e de se comunicar com loucos que nem eu e você seja escrever alguma coisa talvez em forma de diários. E você poderá continuar a leitura dessas notas se estiver se sentindo bem enquanto as le. Mas te alerto: se elas estiverem te fazendo bem, será um bom sinal de que você se encaixa nesse seleto grupo de loucos em busca de sanidade.