IRONIAS DA VIDA
“Amigo, que ironia desta vida, você chora na avenida, pra seu povo se alegrar” os mais erados conhecem esse samba; pra não alongar o meu texto, não vou fazer atribuições.
A vida tem suas ironias: a primeira pessoa que me viu ao nascer foi a única que eu vi morrer.
Em muitos momentos dessa minha vida já um tanto adiantada, em muitas vezes me peguei fazendo uma auto analise do meu jeito de ser e como encaro as situações quando elas surgem.
Quando trafegando por rodovias ou mesmo em vias urbanas, percebendo ou sabendo que alguma possível tragédia tenha acontecido em algum lugar por onde terei que passar, fico muito angustiado, tenho quase um pavor de me imaginar ter que agir para socorrer alguém numa situação muito grave.
Enquanto os curiosos adoram parar para ver, eu quero é ficar o mais longe que der. Por curiosidade não paro mesmo.
Tive algumas sortes. Nas tragédias que infelizmente aconteceram e eu passei e vi, sempre as situações já estavam sob controle, ou já havia gente demais agindo ali.
Essa minha auto analise me fez perceber, que quando imagino viver momentos de risco ou de forte emoção, penso que não teria coragem para encará-los., mas quando me deparo com eles, arrumo não sei de onde, uma tranquilidade que muito me surpreende.
Por duas vezes em épocas diferentes, tive que segurar a força, meu filho e minha filha, crianças, em um pronto socorro para que lhes fossem realizadas importantes suturas. Apavorado antes e tão tranquilo depois, parece que eu mesmo faria aquelas suturas.
Nos últimos dias do meu pai, eu pensava que, emotivo como sou, não conseguiria me equilibrar emocionalmente para as providências necessárias, e que eram só por questão de horas. Quando aconteceu o falecimento, a minha emoção não me atrapalhou em nada, fiz tudo o que precisava ser feito, com muita paz de espírito que não imagino como explicar.
Acho sim que a vida é cheia de ironias.
Essa de ter assistido o último suspiro da parteira, primeira pessoa que me viu e me tocou na minha existência, sendo a única que vi morrer, considero ser uma ironia bem caprichada da vida.