NÃO À MORTE EM CHAMAS
NÃO À MORTE EM CHAMAS
Marília L. Paixão
O que será que me traz até aqui ao acordar? Traz-me tão ligeiramente como se meu inconsciente acordasse com essa missão ao iniciar o dia. Poderia fazer uma retrospectiva. Poderia até voltar aos sonhos que me acordaram de madrugada. Mas não gosto desses sonhos em que me vejo em apuros ou em que teria que pular muros para fugir de fantasmas mal compreendidos. Não, não gosto desses sonhos em que apareço como vítima e o malfeitor não me oferece explicação nenhuma. O escuro do quarto parece um inibidor de olhos a nos dizer para voltar a dormir e esquecer aquele quebra cabeça, aquele sonho ruim. Sou do tipo que prefiro só sonhar acordada. Então, dona de mim conduzo o meu sonho onde me vejo por inteiro e me encontro numa viagem de prazer. Uma viagem em que busco um ideal de vida, uma satisfação interiorizada em que meu ego sorriria com prazer. E as pessoas ao meu redor pudessem também desfrutar da mesma sensação boa. Seria tão bom se todos fossem igualmente felizes. Se sonhar fosse o princípio e não o fim. Se realizar sonhos fosse o caminho e não a derrota de ninguém. Voltando ao sonho dessa noite passada. Sonhei com algo que pertence a um dos meus coloquiais medos: Fogo, incêndio, destruição. Já perdi muito nessa vida para perder mais coisas materiais. Dessas também já perdi um leque sem conta! Falta-me perder a vida. Das outras coisas já provei perdas em taças grandes e pequeninas. Mas a vida que ainda não perdi, nunca fui de ficar pedindo a Deus que fosse longa. Mas com certeza já pedi que ao perder, não seja em chamas.