Made in Brazil

Estou em todo lugar, sou um dos caminhos para a riqueza. Para alguns sou perceptível a olho nu, para outros nem tanto. Alguns me usam para justificar uma anomia social ou para “facilitar e descomplicar” a burocracia. Estou presente na informalidade, mas sou flexível e adaptável conforme as circunstâncias, dou talento para meus os que me praticam se expressarem com palavras e gestos que nem sempre dizem a verdade, mas que sempre são agradáveis ao receptor. Sou viciante e faço do meus adeptos, escravos. Também estou dando meus ares no esporte e como estamos no país do futebol, por lá fiquei ainda mais conhecida. Na verdade hoje sou onipresente em diversas regiões e se não estou presente nas ações, estou em pensamentos. Desde o flerte nas baladas, até a manipulação de resultados, pensamento e opiniões. Minha morfologia provém da retórica, da arte da eloquência, ou simplesmente de um modo mais vulgar, da lábia. Misturo as vantagens cotidianas que proporciono com irreflexão e egoísmo. Tem quem me chame de jeitinho brasileiro, mas eu discordo, ultimamente estou em tantos lugares… mas tenho que admitir que os brasileiros me levam a sério e são fiéis aos meus conceitos e quando se trata de relações interpessoais, nem se fala. Pelos católicos sou considerada uma mistura de 2 pecados capitais, da preguiça por querer sempre atingir o objetivo seja ele qual for fazendo o mínimo de esforço possível e da soberba por querer sempre “tapear” alguém. Quem me defende, ou melhor dizendo, faz uso das minhas técnicas, diz que eu sou um recurso usado para diminuir as desigualdades sociais, um jeito informal e criativo de resolver problemas, que se constitui não pela razão, mas sim pela emoção, afetividade, o carisma. A minha origem é das relações interpessoais, mas com a obediência natural do ser humano ao poder, fico completa. Muitos acreditam que eu sou desta pátria amada, pois, por aqui sou muito requisitada e tenho que admitir que me sinto arraigada nesta sociedade, cultivada com fervor por essas pessoas. Sou representada como regras gerais dos indivíduos dessa civilização, sou exterior ao sujeitos, mas sou coercitiva no modo de agir dessa sociedade, me propago facilmente entre a natureza humana que é cheia de inveja e egoísmo, sou venerada e passada tradicionalmente de geração para geração. Ah, me desculpe pela falta de educação em não ter me apresentado ainda, prazer, eu sou malandragem!