A FUGA DO MASCATE
Algumas vezes me prometi a não escrever sobre política.
Gosto dos temas relacionados ao que testemunhei no transcorrer da vida e em muitos momentos a política esteve presente.
Por mais que possa parecer, não me considero um saudosista no seu sentido negativo. Tenho sim minhas saudades, mas somente relembro, não penso reviver nada. Querer reviver o passado é um equívoco, penso.
Tenho uma vaga lembrança de quando meu avô foi vereador, ali na nossa pequena cidade no sul de Minas, isso no final dos anos cinquenta; eu tinha cinco/seis anos.
Lembro bem da eleição do Jânio Quadros para presidente em 1960. A família toda do meu avô era UDN, janistas roxos, como diziam.
Pouco antes da eleição, o Jânio esteve na cidade de Alfenas, há uns cinquenta quilômetros da minha cidade, em um comício. Meu pai, outros irmãos e mais quem eu não me lembro, foram a esse comício, enquanto lá na roça todos se reuniram na casa de um dos tios, o único que tinha rádio, para ouvir o tal comício, ficamos super felizes com as vassourinhas que nos trouxeram. A Vassourinha era o símbolo da campanha.
Roxos mesmo, capazes de bate-bocas de assustar.
Assustado não me lembro se fiquei, mas espantado fiquei bastante e até hoje guardo bem a imagem daquele nosso tio Ademarista, que residia em São Paulo, que praticamente foi expulso lá de casa pela minha mãe num desses bate-bocas por causa da política. Ele saiu nervoso e apressado pela estrada poeirenta, com uma sacola em cada mão. Ele era mascate.