Procrastinar tarefas não é gerenciar tempo e sim emoções
Ser sincero consigo mesmo e admitir as verdadeiras razões que nos levam a procrastinar tarefas podem nos ajudar a alcançar melhores resultados. Devido a pandemia do Covid 19, muitas empresas tiveram que adotar o trabalho remoto. Mas por que algumas pessoas são mais produtivas que outras? Existe uma técnica? Podemos aprendê-la?
Para alguns, trabalhar em casa é um presente - uma oportunidade notável de se concentrar e ser hiper produtivo, enquanto alguns encontram tempo para passear com o cão e até mesmo se exercitarem de pijama. Para outros essa mudança não está sendo tão vantajosa, muitas pessoas que trabalham em casa simplesmente acham que durante o expediente de 8 horas apenas responderam alguns e-mails e ficaram a maior parte do tempo se entretendo com futilidades do dia a dia.
A procrastinação no trabalho se torna mais fácil quando o seu superior não está olhando por cima do seu ombro. Desde que você esteja com o status online, é fácil entrar na cozinha e experimentar uma nova receita, se distrair em algum vídeo do Youtube ou se entreter em alguma rede social sem que ninguém fique sabendo.
Fato é, que é muito mais fácil procrastinar em casa do que no escritório, o trabalho remoto para alguns se reflete como uma situação de fraqueza com baixas expectativas de comportamento por estar só. O código de vestuário é um exemplo que ilustra bem esta situação. Ou seja, a procrastinação é causada pela distração alinhada ao nosso comportamento, somado com a facilidade de frustração que impacta diretamente a nossa produtividade.
Mas é claro nem todos que trabalham em casa procrastinam tarefas, por isso, pessoas que tem alta tolerância à frustração, que não se distraem facilmente são funcionários mais conscientes e mais bem sucedidos em trabalho remoto.
Um problema que as pessoas que trabalham em casa estão enfrentando no momento - tanto os trabalhadores experientes quanto os novatos em trabalho remoto - é a falta de limites. Sua mesa de cozinha pode ser tanto sua mesa de trabalho, quanto sua mesa de refeições, o que significa que já não existe uma diferença entre espaços de vida pessoal e profissional e isso acaba afetando diretamente o comportamento. Por exemplo, quando o trabalho e assuntos pessoais estão ocorrendo no mesmo espaço, não existe a diferenciação de comportamento entre casa e trabalho. Manter essa “distância” entre vida pessoal e vida profissional é o maior desafio e está diretamente interligada ao nosso comportamento e a concentração no trabalho. Por exemplo, você lida com tarefas de uma certa maneira em seu escritório, o mesmo vale para quando você volta para casa. Estas abordagens são provavelmente diferentes, uma vez que você assume diferentes “identidades de papel” em cada ambiente. Mas ainda assim, você pode tomar medidas para aumentar sua tolerância à frustração e tornar-se mais consciente trabalhando sua impulsividade. Uma pessoa não consciente "levanta-se e desaparece" no momento em que algo desafiador ou desconfortável surge.
Os funcionários remotos mais produtivos utilizam métodos como por exemplo, usar uma atividade de lazer como uma forma de premiação durante o trabalho, tornando os mais produtivos. Isso significa que você pode se levantar da mesa de trabalho durante alguns minutos e passear o cachorro (claro desde que você se planeje para tal atividade), mas depois você tem que estabelecer outro limite no momento em que volta ao trabalho por um tempo específico, ou enfrentar uma tarefa específica sem interrupções.
“Frear” a impulsividade de ações que desconcentram e impactam diretamente a tolerância de frustração que atinge quando algo desafiador e desconfortável surge. A impulsividade neste aspecto se reflete como uma insanidade, um ato irracional ou agir sem pensar, sinceramente não acredito que a irracionalidade seja uma virtude do seres humanos, gosto de uma frase da IBM que transmite bem esse conceito, “Machine should work, people should think” (máquinas devem trabalhar, pessoas devem pensar).
A tolerância à frustração pode ser compreendida como, capacidade de permanecer aberto ao mundo, contra uma percepção autocêntrica, contém elementos de um jogo intelectual que consiste em flexibilidade e paciência. Outra definição que interage com esse termo seria, aceitar uma situação adversa ou um problema como um meio de reduzir a tensão.
Portanto, ser mais consciente e permanecer para enfrentar o problema, é uma habilidade que deverá ser desenvolvida nesta nova situação em que hoje se encontramos, pois acredito que a racionalidade não é voltada para a nossa auto percepção de mundo, mas sim uma ferramenta que nos ajuda a compreender, interpretar e acima de tudo nos adaptar às mais diversas situações e mudanças que a sociedade nos proporciona.