O DESTRUIDOR QUER RECONSTRUIR
Abstenho-me de nomes. Apenas imagine os personagens e sua história.
O sujeito morava em uma bela casa, uma mansão com inúmeras dependências. Ele não pagava aluguel e ainda ganhava alto salário para cuidar da casa. De posse de uma fabulosa verba para manutenção daquela rica propriedade, começou a usar o dinheiro para uso pessoal e de seus amigos. Fazia uma festa atrás da outra, onde os amigos e bajuladores estavam sempre presentes; mão aberta, prodigalidade desenfreada, e os recursos - porque de onde se tira e não se repõe, acaba - foram minguando.
Durante 8 anos, não apenas o dinheiro, mas a própria casa foi consumida. Os amigos, nas festas promovidas pelo mordomo daquela mansão, enquanto comiam e bebiam fartamente, também destruíam tudo: cozinha, banheiros, dormitórios, móveis, paredes, piscina e plantas do jardim; alguns objetos de valor, até dinheiro, eram levados para outros locais.
Finalmente chegou o momento em que aquele mordomo perdulário deixou o cargo e outro foi escolhido em seu lugar.
O novo administrador começou o trabalho de reconstrução da casa. Sim, os estragos eram tão sérios que não bastavam apenas alguns reparos - era necessário uma reconstrução. E pôs mãos à obra.
Aquele que tinha sido o causador da destruição, vendo o que o seu sucessor estava fazendo, e não querendo admitir que era o responsável pelo prejuízo, inflou o peito, enchendo-se por conta própria de grande importância, e declarou que ele e somente ele tinha sabedoria e capacidade de reconstruir a casa. Disse que se lhe colocassem novamente naquele cargo, promoveria um processo de reconstrução fabuloso.
Mas o grande problema é que não havia nele nenhum arrependimento, nenhum humilde pedido de perdão pelo que tinha feito. E ninguém acreditou mais nele. A não ser, claro, os seus amigos. Aqueles que ajudaram a destruir a casa.