O REMAR DA VIDA

O tempo vai passando e corre de uma forma absoluta. Quando percebemos, aquela flor nasceu, aquele menino cresceu, aquele momento se foi. Penso que talvez seja por isso que eu queira fotografar tanto! Para que os momentos sejam eternos e fiquem estampados em algum lugar, alem da memoria.

Certas dores que temos sao insuportaveis. E quando passamos por elas, a unica coisa que conseguimos pensar eh que elas passaram, mas dentro de nos ficou uma cicatriz eterna. As vezes me sinto como Fernando Pessoa , nesse trecho de um de seus poemas:

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Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
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(a cada momento - ele mudou - essa instabilidade de almas)...

Lembro-me que na Faculdade eu lia muitas vezes essa poesia inteira, mas parava nesse trecho pensando quanta verdade existia nele.

Sinto-me indo pela vida com minha bagagem, (as vezes leve, outras vezes pesada). Trocando de almas, mudando, estranhando-me, e sempre inacabada.

Lembrando do tempo  da Faculdade agora, me deu saudade quando eu sentava num banco com meu amigo Luciano (amigos inseparaveis) e ficavamos a declamar Fernando Pessoa, e a discutir seus heteronimos. Ele gostava de Ricardo Reis, que era um expectador do mundo, que nao se envolvia muito sentimentalmente com nada. E eu, como sempre fui uma sentimental de "carteirinha", ficava a discutir com ele os defeitos de Ricardo Reis...risos... Saudade de voce meu amigo Luciano....

Uma coisa sine qua non  para mim sao meus amigos. Atraves deles eu me encontro, como se fosse um ponto de partida. Sao responsaveis pelas minhas mudancas, e pelos meus projetos inacabados. Eles me dao forcas para passar por momentos dificeis, e tambem estao comigo para celebrar minha felicidade.

Todos os dias agradeco aos meus amigos. Rezo por eles. Peco que Deus os proteja, porque eles sao parte de minha vida, e atraves deles eu me descubro. Nao existe o melhor amigo, mas cada um deles é uma pecinha que une o meu quebra-cabeca da vida. Ha os amigos divertidos, os mais profundos, ha os amigos de infancia, os amigos virtuais. Todos eles importantes. Entao, é tambem para voce que esta me  lendo hoje,  essa poesia que fiz:

O REMAR DA VIDA

assim vamos nós
no barco da vida
remando contra a maré
e encontrando remadores
que nos ajudam na tarefa
algumas vezes dificil
de contornar os problemas
ah! se nao fossem
nossos amigos remadores
de diversas cores e tipos
que nos ajudam a empurrar o barco!
nesses braços fortes
tantas diferentes personalidades
amigos calmos, amigos alegres,
amigos que nunca desistem
amigos que sempre tem uma palavra
na hora certa
amigos sem mentiras
constantes, mesmo distantes
ninguem seriamos sem esses braços
que tantas vezes nos abraçam
e nos acalmam
dando-nos a forca necessária
para vivermos e suportarmos as dores
e hoje quero do fundo do coraçao
agradecer a todos aqueles
meus amigos remadores
amigos de luta, amigos transparentes
que com olhos da alma
e em momento de luta
deram-me amor e calma
quando as ondas tornaram-se altas
e impossiveis de serem transpassadas
foram diversas mãos que se estenderam
nessa minha jornada
agradeco hoje a Deus
por dar-me tantos braços
tantos olhares profundos
tantos risos espontaneos
tantas emocões sentidas
nesse oceano da vida!

 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 03/09/2020
Reeditado em 03/09/2020
Código do texto: T7053477
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