"PALAVRAS DE UM PRETO VELHO"
Chico Preto e Zé Fumaça
Um preto e o outro pardo.
Dois velhos embarcados conversavam
Preto velho de sábia palavras
O outro de cachimbo na boca
Palavras escutava.
Saíam para pescar
Na casa de Yemanjá!
Chico Preto e Zé Pardo
Dois amigos inseparáveis,
Várias conversas fiadas sem medo
Discutiam sobre o preconceito.
Entre pretos e pardos
O preconceito vive entre a gente.
Como o mal vive dentro do peito.
Ninguém nasce racista, Zé Fumaça!
Mas preto velho, como sobreviver neste mundo?
Zé, às vezes, temos que baixar a cabeça
E guardar a dor aqui dentro!
Ah não! Meu preto velho!
Esse mundo de injustiça
Foi construído pelo ser humano!
Somos pessoas iguais a qualquer outro!
Lembra do filme Ò Pai ó?
Lázaro Ramos detonou o racista, meu preto!
Não somos animais como os brancos acham!
Negro de alma branca não existe!
Isso ainda é racismo que persiste
Tal qual doença que não tem cura
Numa sociedade cheia de brancura!
Zé Fumaça, não podemos devolver o ódio!
Pretos e brancos são gente como a gente.
Temos orgulho de nossa cor
E enquanto existir o mal no peito e na cabeça
Que caminha de encontro a injustiça
Seremos guerreiros como O Pantera Negra!
Então Zé, jamais se perca!
Nossas tradições enterradas
Sob um falso pretexto
O veneno está no preconceito.
Religião, umbanda, candomblé
Pai de santo, Exu, Oxalá
Xangô, Ogum, Yorubá,
Parece não haver
preconceito sem fé.
Nossa Eterna Mãe África
Desprezada e escravizada
E seus filhos espalhados pelo mundo
Sobrevivendo a duras penas
Todos com um sonho na alma, apenas.
No fim, Zé Fumaça, morremos
Seja de que forma for
Pois a humanidade não sabe o que o AMOR!
E mais uma vez, repito, Zé Fumaça,
A ALMA NÃO TEM COR