(Foto tirada em Detroit - Hoje quando faz frio, eu nunca acho tao frio, pois viver em Detroit, isso sim posso chamar de FRIO). 


MINHA PRIMEIRA MULTA NOS EUA


Quando vim para os EUA, achei que eu nao iria dirigir aqui. Essas coisas de “coloninha” que vem da Fazenda (rs) e fica achando uma grande coisa dirigir num Pais diferente. O Roque sempre dizia para mim que quem ja dirigiu em Sao Paulo, dirige em qualquer lugar do mundo.

Para tirar a carta, e preciso estudar um livrinho inteiro de sinais, disso, e daquilo. E la fui eu estudar o tal livrinho, e depois fazer o teste de dirigir.
Primeiro, o teste da baliza. Esse passei tranquilo (treinei bastante). Depois, tem o teste que uma pessoa vai ao seu lado, e vai dizendo onde voce deve ir. E preciso ter aquela atencao de ver todos os sinais, parar onde deve parar, aquela tensao toda. Passei.

O Roque comprou para mim um Pontiac Boneville (parecia uma banheira), pois a conselho de seus amigos americanos, seria um carro pesado para andar na neve, e seguro se eu batesse. Era um carro velho, mas muito confortavel.
Comecei a dirigir e ir para todos os lugares possiveis e imaginaveis em Detroit. Adorava colocar a Patti na cadeirinha atras, e voar por aquelas ruas.

De vez em quando me perdia, e como nao tinha celular naquele tempo, nem GPS, eu era a “Rainha do Posto de Gasolina”… parava em todos para perguntar como eu fazia para voltar (e imaginem, sem falar bem a lingua). Mas acabava entendendo e voltando.

Um dia acordei com bastante neve, olhei na janela e resolvi dar um passeio na cidade de Detroit. No centrinho mesmo. La sempre era mais arriscado, muitos pedintes na rua, muitos malandros, mas eu queria me aventurar. Coloquei a Patricia atras na cadeirinha e la fui eu. Primeiro que dirigir na neve para mim era uma verdadeira Aventura… eu adorava! Dirigia olhando a paisagem, dentro do carro quentinho, e sempre levava meu copo de café.

Quando ia voltando, vi um carro de policia atras de mim com as luzes acesas piscando. Olhei pelo retrovisor, e continuei dirigindo. E o policial atras de mim, as luzes acesas, piscando…  De repente eu ouco uma voz: “Minha Senhora pare o carro por favor” (ele usou uma especie de auto-falante).

Parei o carro tranquilamente. E o policial parou atras de mim, desceu do carro e se dirigiu perto da minha janela.
- Bom dia. Por que a sra. nao parou quan do me viu com as luzes do carro piscando?
-Desculpe, nao entendi. O que o sr. falou? (e ele repetiu)
-Ah! eh porque eu pensei que nao precisaria parar. So se visse uma Ambulancia atras com as luzes piscando.
- Minha senhora, quando ver um policial com luzes piscando atras de seu carro, eh obrigatorio parar.
- Ah! entendi. Desculpe.
(naquela altura do Campeonato, acho que ele pensou: “Onde essa ai tirou carta?”).
Pediu entao minha carteira de motorista e foi para seu carro.
De repente ele volta:
- A sra. eh Italiana ou Brasileira?
- Brasileira
- A sra. sabe que passou um sinal vermelho?
- Euuuuu? Imagine seu Guarda… de jeito nenhum. Jamais passaria um sinal vermelho.
- A senhora passou.
- Desculpe discordar, mas nao passei nao. De jeito nenhum.
- Vou ter que multa-la. A sra. pode apelar na Corte se quiser. E me mostrou o endereco no papel da multa. $250 dolares!

Voltei para casa aborrecida, porque eu nao achava que havia passado nenhum sinal vermelho, e nao estava acima do limite de velocidade.
Chegando em casa, fui no computador e escrevi uma carta me defendendo e no mesmo dia coloquei no correio.

Uma semana depois veio a resposta,  dizendo que eu tinha que comparecer na corte para me defender.
No dia marcado, a maior tempestade de neve. Ventava neve, chovia neve, mas eu me agasalhei, coloquei a Patricia no carro e fui. Poderosa!

Chegando la, muitas pessoas na sala, cada um relatando seu problema. Chamaram meu nome e fui. E o Juiz olhando um papel disse:
- A sra. passou um sinal vermelho?
- Nao sr. nao passei.
- O policial ao seu lado disse que a sra. passou. (olhei para cima ( o policial devia ter uns 2 metros de altura) que me deu um sorrisinho nao sei se amigavel ou ironico). Retribui o sorriso, e olhei para o Juiz.
- Ele disse Sr. Juiz, mas eu nao passei.
O Juiz ja perdendo a paciencia, olhou para mim e perguntou:
- Minha sra. qual a razao de ter vindo aqui? A sra. quer o que?
- Nao pagar a multa sr. Juiz. Nao mereco.
O juiz perguntou ao policial: “Ela estava acima do limite da velocidade?”
O Policial: “Nao”
O Juiz pega o martelinho, bate na mesa e diz: “Concedido. A sra. nao precisa pagar a multa. Proximo!"

Aquele dia me senti vitoriosa! Me livrei da minha primeira multa nos EUA. Mas isso porque eu achei que nao merecia mesmo!

Entrei no carro,  liguei o radio, coloquei um CD do Roberto Carlos e fui para casa cantando. Lembro-me ate agora da musica: "Emocoes" ......"Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo"....

(desculpe a falta de acentuacao).
 

 

 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 26/08/2020
Código do texto: T7046639
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