As crônicas incessantes da moça dos brilhos
AS CRÔNICAS INCESSANTES DA MOÇA DOS BRILHOS
Marília L. Paixão
Ela pediu que escolhessem o próximo assunto da crônica dela. Fiquei com a imagem de uma fazedora de crônica elétrica. A intenção não era essa. Ela queria ver sua capacidade de dissertar testada sobre qualquer assunto. Um leitor escolheu o tema e a crônica veio. Ela deve ter ido deitar satisfeita e o leitor também. Missão cumprida. Mais uma pronta e lida crônica sobre detalhes da vida com muitas explicações revistas. Aqui vai uma crônica atrevida falando dessa amiga. Esta vai para dizer que prefiro as crônicas casuais. A que você escreve talvez enquanto sonha ou talvez enquanto algo te espeta. Que tal escrever sobre quando o sutiã aperta? Nós mulheres temos milhões de motivos para escrevermos com freqüência. No meu caso falta tempo, no seu caso sobra talento e habilidade. Em um dia comum como este um encontro de mulheres daria apenas no que uma repararia na outra. Mesmo distantes estamos reparando nossas falas e letras. As táticas enfáticas e expressivas. Cada um com sua forma de expressar e tocar o mundo virtual. Às vezes falo demais e toco menos que gostaria. Às vezes falo pouco e toco muito mais que imaginaria. Quem sabe até o silêncio daria uma boa crônica, Renata. O ruim do silêncio é que nele eu não leria você se invisível. De qualquer forma gosto das suas extrovertidas formas de se comunicar com todos espalhando brilhos. Mas o silêncio de um quarto, sala ou parede me parece um tópico demasiadamente indagador. Agora mesmo enquanto escrevo e enquanto estiver por estas linhas haverá um silêncio entre nós. Sinta. Pare a leitura um pouco. Perceba o silêncio. Mude o olhar de lugar. Se preferir pode ser para um lado da parede que não tenha nenhum enfeite. Talvez a parede esteja perfeitamente bela sem nenhum enfeite a mais sobre ela. Talvez perceba que um pouco de cor fará diferença e sua próxima crônica será sobre as cores que não lhe faltam.