VICIADO EM BALAS TOFFEE
No finzinho dos anos sessenta começo da década de setenta, eu trabalhava em uma oficina de consertos de carros, restaurar antiguidades eu ajudei bastante.
Nunca fui apreciador do ambiente de bar, o que não quer dizer que não tenha frequentado.
Os amigos, os rabos de galo, os meio a meio, a caipirinha, a branquinha, a amarelinha, a pura e outros, além da horrível caracu com ovo, acabavam me jogando pra dentro deles em alguns momentos.
Fumar era chic e penso que bem mais barato que hoje em dia. Fumei por vários anos e larguei quando quis. Cerveja não era tão apreciada, talvez pelo o que a gente tinha no bolso para conseguir chegar ao porre.
A minha preocupação era não me viciar em alguma coisa, oportunidade não faltou.
Pelo tempo que permaneci em uma rotina, cheguei a pensar que não sairia dela. Tomei gosto pelo jogo de sinuca, fiquei tão bom na arte, que conseguia jogar muito sem pagar fichas.
Aos sábados, coisa que eu nunca fizera antes, passei a ir ao bar de costume, próximo ao trabalho, somente para jogar. Enquanto jogava eu não bebia, aliás, eu não bebia com frequência. Acho que me valia da minha lucidez para ganhar dos outros, que faziam o contrário, sempre meio embriagados, ou embriagados e meio.
Depois de mais ou menos um ano meio nessa paixão de jogar bolas na caçapa, convicto de que era um viciado, um escravo daquele jogo, mudei de emprego e nunca mais voltei naquele bar, esqueci completamente do “vício”.
Lembrando daquele tempo, concluí que fui sim um viciado.
Todos os finais de tarde de todos os dias e nas tardes de sábado, ao deixar o bar, enchia os bolsos de bala, pegava a bicicleta e pedalava pra casa curtindo aquela gostosura. Não era uma bala qualquer e era somente uma variedade.
Eu fui um viciado em balas Toffee!