A CAMINHADA
7 da manhã, belíssima hora para uma boa caminhada. Das 7 ás 8 foi como uma descoberta da velha aldeia, a minha aldeia.
Percorri ruas completamente desconhecidas para mim. Enchi a vista com a beleza circundante. A estrada toscamente alcatroada corta a mata de pinheiros, carvalhos e mimosas. Do lado direito da estrada fiquei maravilhada com as cabrinhas brancas empoleiradas nos pedregulhos, pareciam esculturas colocadas no meio da natureza, apenas quando uma se moveu eu me convenci que eram animais de carne e osso. Visão e considerações exageradas de poeta!
Vi as casas velhas, as casas novas dos imigrantes e outras inacabadas, assim como um projecto que visava o turismo de habitação, contingências da vida que impediram que as obras tivessem terminado.
Achei essa parte da aldeia muito bonita, com uma excelente vista e forte arborização, no entanto, não era lugar que eu escolhesse para construir o meu lar, por ser um sítio muito ermo e eu uma medricas.
Lado a lado com a minha amiga Francisca continuámos o exercício, porque caminhar é um excelente exercício, benéfico não só para o corpo, mas também para o espírito.
Ao longe, mas não muito, avista-se a simpática e acolhedora vila de Belmonte. O seu grande castelo do século XIII no topo da colina, sobressai na paisagem o que me faz sentir orgulhosa pois uma terra com castelo e aberto ao público, é e foi sem dúvida um lugar importante. Ressalvo que todos os lugares são importantes por este ou aquele motivo, a importância com que galardoei Belmonte, é histórica e afetivamente pessoal.
Foi aqui que nasceu o descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral e foi aqui também que se fixou uma importante comunidade judaica, tendo crescido substancialmente no século XV. A Sinagoga Bet Eliahu é um monumento de destaque, sem descurar outros monumentos dignos de visita tais como:
O Museu Judaico, a Torre de Centum Cellas, o Museu dos Descobrimentos, Igreja de Santiago e Panteão dos Cabrais, Igreja Matriz, Estátua Pedro Álvares Cabral, Museu do Azeite, Câmara Municipal, antigos Paços do Concelho e Pelourinho, Solar dos Cabrais (atual Biblioteca/Arquivo Municipal), Ecomuseu do Zêzere (antiga Tulha dos Cabrais), com uma interessante função pedagógica.
Interessante também é a feira medieval realizada em meados de Agosto, o mercado Kosher em Setembro e a Procissão de Nossa Senhora da Esperança, padroeira de Belmonte.
Alojamento e Gastronomia regional são também de eleição.
Se vier a Belmonte, não deixe de visitar Sortelha e Castelo Novo, as aldeias históricas mais próximas e aventure-se á descoberta das belezas naturais da emblemática Serra da Estrela e desfrute da tranquilidade, do ar puro, do alojamento local decorado com requinte, comodidade e bom gosto e da boa comida, que lhe proporcionarão certamente uma estadia agradável e reconfortante.
Amanhã levarei o telemóvel para tirar algumas fotos e assim ilustrarei a minha crónica.
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 10/08/2020