A gente faz, mas não devia...

A gente faz, mas não devia...

Hoje, aliás, há alguns dias pra ser mais sincero, percebo algo que pode até ser comum em dias normais. Acontece que não estamos vivendo dias normais atualmente, e talvez por isso, não posso afirmar com toda certeza, mas o que vem tomando minha atenção e meus olhos é ela, a lua, essa mesma lua que um dia, em nossas poucas conversas a gente até falou o quão bom era dividi-la um com o outro.

Sim, a lua que me atrai de uma forma tão singela e ao mesmo tempo tão arrebatadora, que não consigo sequer desviar por um instante todos os meus olhares desta obra divina que meus olhos podem contemplar.

Um dia até li, não me recordo o livro ou capítulo, mas sei que dizia algo que nos remetia à beleza das obras do Criador e se ficamos assim diante de suas obras, imaginemos, pois, diante de sua própria beleza. Isso é algo fantástico, surreal.

E aqui, hoje, depois de uma caminhada por uma estrada em que só havia apenas eu, observei que ela, a lua, me acompanhava de perto e de longe ao mesmo tempo, formando ali, naquele momento um dos melhores paradoxos que já pude viver.

E posso afirmar que foi sim um dos melhores momentos. Não havia nenhum espetáculo montado para aquele momento, era apenas um caminho qualquer no qual fazia caminhada. Somente eu e aquela lua que, aos poucos, surgia por entre as serras da cidade que findava mais um dia na sua rotina.

Por um momento, em meio a tanta beleza, paz e calmaria, veio-me à mente sua lembrança e fiquei feliz por isso, mas triste também, confesso. Feliz por pensar em você, mas triste por não te ter ali comigo, vendo o que eu via, sentindo o que eu sentia, enfim vivendo comigo um espetáculo tão simples e tão grandioso que ocorrera bem diante dos meus olhos que queriam o tempo todo os seus ali também por perto.

E aí, veio-me a lembrança forte de uma outra crônica poética escrita por Marina Colasanti, intitulada “Eu sei, mas não devia” a qual parafraseei o título adaptando-o à realidade em que me encontrava, ou seja, a muitos e muitos quilômetros de distância de você, pude dizer a mim mesmo que a gente faz, mas não devia, e você, em todo o seu direito devido, pode até me perguntar o que nós fazemos, de fato? Pois bem, eu te conto.

Com algumas lágrimas que insistem em cair, eu te falo que gente faz, mas não devia, a gente divide a mesma lua, à distância, mas não devia, a gente fica se olhando de longe e se querendo por perto, mas não devia, a gente faz planos para um futuro nosso, mas não devia. E, por não dever, a gente se entristece por fazer tudo isso, mas como evitar então? Confesso que eu não sei, e até posso saber e você também sabe, porém já me vem aos meus pensamentos o fato de que a gente sabe, mas não devia e, é aqui que eu encerro, pois talvez algum dia, eu acabe te escrevendo de novo e, quem sabe, sejam outros pensamentos e outra vida, quem sabe até com você por perto dessa vez.

Para você, minha querida L.F.

Welvis Emanuel
Enviado por Welvis Emanuel em 02/08/2020
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