A vida das pessoas é o que mais importa nesse momento

"Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa" - era o bordão de Paulo Cintura na Escolinha do Professor Raimundo. Nesse mesmo sentido, dizemos que, nesse grave momento pelo qual passamos, a vida das pessoas é tudo o que interessa agora.

Vemos que o espalhamento da pandemia cresce e se acelera no Rio Grande do Sul, como nos mostram os dados da sexta e mais recente fase da Pesquisa de Prevalência realizada pela Universidade Federal de Pelotas - UFPel por indicação do Governo do Estado. Na fase anterior, divulgada dia 1° de julho, eram 0.47% de gaúchos contaminados e, agora, são 0.96%, mais que o dobro. Isso significa que a Covid-19 avança e as pessoas passam a morrer em maior quantidade - o que observamos em nossa região, via as atualizações divulgadas aqui no Portal de Notícias -, e a isso se soma um dado ruim que a pesquisa revela, ou seja, o crescimento da taxa real de letalidade da doença - calculada sobre os casos reais estimados - subiu de 1.1% para 1.4% no período, mesmo que o número de casos reais estimados em relação aos notificados permaneça a mesma: mais um caso estimado para cada caso notificado, devido a subnotificação.

Esse último dado vem dramaticamente de encontro à um aspecto importante da realidade gaúcha, ou seja, a sua grande população idosa, a maior do Brasil, justamente a parcela do grupo de risco mais vulnerável às consequências graves e fatais da Covid-19. O aumento da taxa real de letalidade, passando inclusive a ficar acima da nacional - que varia de 0.8% a 1.2% conforme a região, segundo o doutor em biologia Àtila Iamarino -, revela que essa característica demográfica de nosso Estado conspira contra nós.

O problema todo consiste em que a elevação do espalhamento leva, quase que inexoravelmente, o vírus até as pessoas idosas, como é o caso dos asilos com surtos confirmados em Triunfo e São Jerônimo. Se compararmos com o contágio nas casas penais de Charqueadas, onde 353 pessoas testaram positivo e ocorreram duas mortes, vemos que só no lar de idosos de Triunfo tivemos quatro mortes, com um número extremamente inferior de casos. Isso porque a população carcerária, mesmo sendo absolutamente mais numerosa, é formada, em sua maioria, por pessoas jovens, na casa dos 20, 30 anos.

Posto isso, com os números da pandemia crescendo e a taxa de letalidade subindo, soa preocupante que setores do poder econômico e seus representantes políticos pressionem o governo estadual e entrem com ação no Supremo Tribunal Federal visando suspender o Modelo de Distanciamento Controlado adotado no RS, transferindo-o para os municípios. O próprio governador propôs isso aos prefeitos, anteriormente, e eles recusaram. Parece que, na iminência da necessidade de bandeiras pretas serem adotadas pelos critérios do Modelo, ninguém quer assumir decisões que ou tragam prejuízos econômicos ou que levem a um número crescente de óbitos, visto que, se o espalhamento se acelar muito, não haverá como conciliar as coisas, eis que não há ainda tratamento ou vacina eficazes contra a Covid-19, que garantam a vida das pessoas do grupo de risco que seriam contaminadas em maior número.

Junto a isso, a Pesquisa de Prevalência continua a indicar, em sua sexta fase, que o número de gaúchos que aderem às medidas propostas pelo Distanciamento Controlado vem baixando: de 21% de pessoas que permaneciam sempre em casa, temos agora apenas 12.6%; as 20% que, nos primeiros dias, saiam sempre de casa, aumentaram para 33%. E reparem que o Distanciamento Controlado é uma ação que não visa cessar totalmente o contágio e os óbitos, como medidas extremas de isolamento social fazem, mas sim impedir que esses cresçam esponencialmente e colapsem o sistema de saúde, levando a um drástico aumento do número de mortes enquanto a esperada vacina não chega. Seu obetivo é minimizar o máximo possível a face letal da pandemia sem paralizar a economia, evitando tanto a ruína financeira como a ruína da vida.

Tendo em vista esse quadro, cabe dizer que a vida das pessoas deve ser a prioridade máxima nesse momento. Não há como flexibilizar o inflexibilizável, ao custo de vidas humanas, se os dados científicos indicarem a impossibilidade disso ser feito. Isso é inaceitável! Cabe citar as conclusões da Pesquisa de Prevalência: "Considerando que a prevalência do coronavírus dobrou no Estado, os pesquisadores recomendam a ampliação da testagem via RT-PCR, com busca ativa de casos positivos. Além disso, recomendam que as medidas de distanciamento social sejam reforçadas em Porto Alegre, Região Metropolitana e Passo Fundo".

A vida das pessoas é tudo o que importa nesse momento, não podemos deixar a pandemia tomar conta da região e ceifar vidas preciosas e queridas. Fiquem em casa, só saiam em caso de extrema necessidade, usem máscara. Ajudem a salvar vidas!

Bom final de semana para todos. Fiquem com Deus.