EM UMA VIAGEM DE ÔNIBUS


Meu marido me contou que, certa vez, viajando de ônibus de São Luis para Imperatriz, no Maranhão, aconteceu-lhe o seguinte fato. Para essa viagem longa e cansativa, conseguiu um assento na metade do ônibus e lá na frente, no primeiro banco, ao lado direito do motorista, ia um sujeito de chapéu que não parava de falar com o condutor. Os passageiros queriam dormir, repousar, mas o homem não parava de falar em voz alta, inoportuna. Às vezes, também ria muito alto, aborrecendo os demais. Além de tudo, é probido falar com o condutor que precisa manter sua atenção na estrada.

Estavam mais ou menos no meio da viagem quando entrou no ônibus uma passageira que fez sinal com a mão, à beira da estrada, coisa comum nesse grande interior de nosso país. Nessa altura, um passageiro que estava ao lado do homem de chapéu já havia descido e a mulher tomou seu lugar. Assim que sentou-se ao lado do tagarela, ela puxou conversa com o motorista. Era faladeira por natureza e suplantou seu vizinho de assento em falação e risadas. Este, vendo-se derrotado pela loquaz passageira, disse-lhe:

“Senhora, eu também gosto de conversar!”

Em minha vida conheci duas pessoas assim. Curioso é que ambas eram mulheres. Falavam demais, eram verborrágicas. No ambiente em que estavam, não davam a menor chance para outros falarem, algo muito desagradável e irritante.

Certa vez perguntei a um psiquiatra e ele me confirmou que, realmente, é uma disfunção, uma patologia, que ele chamou de logorréia, digna de tratamento. Uma pessoa acometida desse mal sofre, e muito. Precisa de ajuda.

Então, esses dois loquazes da história, se enquadram nessa categoria de doentes. O inusitado aqui é o encontro fortuito.




 
Aloysia
Enviado por Aloysia em 31/07/2020
Reeditado em 01/08/2020
Código do texto: T7022461
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.