EM UMA VIAGEM DE ÔNIBUS
Meu marido me contou que, certa vez, viajando de ônibus de São Luis para Imperatriz, no Maranhão, aconteceu-lhe o seguinte fato. Para essa viagem longa e cansativa, conseguiu um assento na metade do ônibus e lá na frente, no primeiro banco, ao lado direito do motorista, ia um sujeito de chapéu que não parava de falar com o condutor. Os passageiros queriam dormir, repousar, mas o homem não parava de falar em voz alta, inoportuna. Às vezes, também ria muito alto, aborrecendo os demais. Além de tudo, é probido falar com o condutor que precisa manter sua atenção na estrada.
Estavam mais ou menos no meio da viagem quando entrou no ônibus uma passageira que fez sinal com a mão, à beira da estrada, coisa comum nesse grande interior de nosso país. Nessa altura, um passageiro que estava ao lado do homem de chapéu já havia descido e a mulher tomou seu lugar. Assim que sentou-se ao lado do tagarela, ela puxou conversa com o motorista. Era faladeira por natureza e suplantou seu vizinho de assento em falação e risadas. Este, vendo-se derrotado pela loquaz passageira, disse-lhe:
“Senhora, eu também gosto de conversar!”
Em minha vida conheci duas pessoas assim. Curioso é que ambas eram mulheres. Falavam demais, eram verborrágicas. No ambiente em que estavam, não davam a menor chance para outros falarem, algo muito desagradável e irritante.
Certa vez perguntei a um psiquiatra e ele me confirmou que, realmente, é uma disfunção, uma patologia, que ele chamou de logorréia, digna de tratamento. Uma pessoa acometida desse mal sofre, e muito. Precisa de ajuda.
Então, esses dois loquazes da história, se enquadram nessa categoria de doentes. O inusitado aqui é o encontro fortuito.