(Nessa foto, um dia que fomos trabalhar Sabado. Esse grupo era muito especial. Havia também dias divertidos como esse!).


Aqui nos Estados Unidos acho engraçadíssimo o jeito que o americano se posiciona na palavra "I Love You".As brigas horríveis por telefone com o marido (ou a mulher), terminam sempre com um "I Love You!" as vezes de um modo enfurecido, outras vezes de um modo irritado. Todos os casais que se falam por telefone terminam com um "I Love You" como se fosse uma propaganda de televisão, ou uma marca de sabonete.

Quando eles falam, parecem não "sentir" o que estão falando, mas 
é apenas uma terminação chavão para todas as conversações.

No caso das crianças pequenas, por exemplo, elas aprendem a falar "Thank You", muito antes de aprenderem a falar o seu nome. De um certo modo, acho isso bonito, de outro acho tremendamente robotizado.
E soh a gente dar algo para uma criança e a mãe diz:"Como e que se fala, filho?" E ele diz:"Thank you!". Não sei, mas muitas vezes prefiro a espontaneidade da criança brasileira, que é ensinada a falar"obrigada", mas não de um modo assim tão robotizado.Nem os casais são obrigados a falar "I Love You" se estão no auge de uma briga.

Há frases aqui que são ditas em "serie", como fabrica, como produção.
Por exemplo: Toda vez que chegamos com mercadorias no caixa do Supermercado, a Caixa pergunta:"Como vai você hoje"? (How are you today?).
Ela quase não escuta a sua resposta, mas fala isso como parte de sua profissão.
Outro dia uma velha senhora na minha frente, colocou as compras e a caixa disse:
-"Como vai a sra. hoje?"  o que ela respondeu:
- "Ah não estou bem não".
-  A Caixa respondeu:"Que bom!".
A velha senhora disse:
- "Que bom o que, que eu não estou bem?"
Então a moca se deu conta que havia repetido uma resposta "padrão"... e pediu desculpas...
Não digo que isso não aconteça nos outros países, mas o americano e tremendamente robotizado para certos atos. E como se ele tivesse sido educado desse jeito, e fosse algo tão arraigado em sua personalidade que seria quase impossível livrar-se dela.

Vejam outro exemplo: Cartões. Nos Supermercados vendem-se cartões para todas as situações que vocês possam imaginar.
 Seu amigo esta triste? Tem cartão. O cachorro adoeceu? Tem cartão. O vizinho bateu no seu carro? Tem cartão. Perdeu o emprego? Tem carrão.
Tem cartão para toda espécie de problema...cartões com termos religiosos, engraçados, tristes, melancólicos, de toda cor, tipo e tamanho. Cartões para quem fica doente, estah no hospital, em casa se convalescendo. Cartão para encorajar em uma situação, cartão para reafirmar amizade, cartão para fazer as pazes...
Um dia sai do meu servico para almocar fora, e comprei um chocolate para a menina que trabalhava comigo, na mesma sala.
Cheguei e disse: " comprei um chocolatinho para você".
No dia seguinte cheguei na minha mesa e encontrei um cartao de "Thank you" pelo chocolate. 

Vocês perceberam uma falha ai? A comunicação! O americano aprendeu a ser formal até com ele mesmo. Não tem a espontaneidade do brasileiro, que você da um chocolate e ele diz: "Nossaaaaaa que deliciaaaaaaaa obrigada por lembrar de mim!".. ou ainda diz:"Grande amigo, heim, não vê que estou precisando perder peso?" (brincando).
O americano e sério demais!

Vou contar uma coisa que vocês vão achar que e piada. Tenho uma amiga que trabalha comigo, que foi pega por um policial a noitinha por estar com as luzes do carro apagadas (aqui
é motivo para multa). Só que ela não parou no momento que ele acendeu as luzes atras dela, e resolveu parar um pouco mais na frente.
O policial ficou enfurecido (eles adoram ter poder!), e ele  algemou-a e fez um escândalo por causa disso (achou que ela estava fugindo).
E eu perguntei a ela:" Chris, você não chorou?" Ela disse:"Nem chorar eu pude ,pois estava sem meus lencinhos de papel!".
Vocês acham que eu nao iria chorar  porque NÃO TINHA KLENEX?? (o tal lencinho?).  O americano é assim, todo programado. Até para chorar.

Eles foram ensinados a esconder os sentimentos. Não estou generalizando, há aqueles diferentes. Mas a maioria que conheço é assim. Uma coisa que estranhei quando cheguei nesse Pais, mas depois acostumei, são as"festas com horários".
Você recebe um convite assim:"Você esta convidado a participar de um jantar na casa do fulano de tal, das 7:00 as 10:00".
O primeiro que recebemos foi para jantar num Sabado na casa de um casal americano, e  lembro que meu marido ficou o tempo todo controlando o relógio para sairmos na hora certa.

Bom, acho que isso significa também colocar limites na privacidade de cada um.  Lembrei daquelas festas do Brasil, quando mesmo pessoas que amamos, nunca saem...e apelamos até para a vassoura atras da porta (risos)!

Acostumei-me com muitas coisas da cultura, e as aderi. Mas uma coisa que não me acostumo, é a falta da espontaneidade nos abraços, dos carinhos, dos sorrisos. Dos gestos naturais. Do conversar espontaneamente, como fazemos no Brasil.

E para terminar, lembro de um fato engraçado. A minha ex-chefe Renee, um dia me levou para a cidade de Brown County pertinho daqui, onde tem muito artesanato e a família dela se encontra todo ano para uma reunião. Ela não via a mãe há um ano.
Chegamos no chalé que eles tinham alugado, e fomos nos dirigindo para uma área lá no fundo. O pai estava com um radinho no ouvido, e a mãe lendo um livro.
Ela disse: "Oi mãe!"."Oi pai!". E me apresentou. Eles sorriram, disseram : "Muito prazer", sentamos e ela continuou lendo, e o pai ouvindo radio...Nem se mexeram. Silencio sepulcral. Ficamos sentadas um tempo e depois levantamos para ir a cidade.

Aquilo lembro que me marcou profundamente. Fiquei pensando na minha mãe, toda vez que eu em sua casa, mesmo morando na mesma cidade, ela sempre me recebia com carinho e me afogando com beijos..

E viva esse nosso  sentimento verde amarelo! E o coração sempre pulsando!

 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 30/07/2020
Reeditado em 30/07/2020
Código do texto: T7021172
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