Preconceito
Preconceito, todos temos, em menor ou maior grau. Muitos de nós tentam escondê-los ou minimizá-los, o que já é alguma coisa. Mas alguns parecem ter orgulho em demonstrá-los. É o caso de alguns homens que batem no peito ao declarar que “não têm nada contra, mas não aceitam demonstração de homossexualidade em público”. Há quem diga que tal reação nada mais é do que a própria homossexualidade enrustida do tal macho. Pode ser que sim, mas também pode ser outra coisa.
Nossa sociedade exige muito da masculinidade de nossos homens. Eles têm de ser fortes, corajosos, empreendedores, protetores, provedores, entre várias outras coisas. É muita pressão, todos concordamos. Qualquer desvio quanto ao que se espera deles requer uma certa dose de coragem para enfrentar a sociedade que os cerca. Assim, sob os olhos desses homens, a transgressão explícita da moral sexual conservadora pode representar sua própria fraqueza, já que escancara a coragem de outros homens em assumir posturas não condizentes com o que se espera deles. Trata-se então de uma admiração disfarçada de preconceito, e justificada com regras morais discutíveis. Porém, admitir admiração nesse caso seria demonstrar uma sensibilidade incompatível com a masculinidade exigida deles. Ou seja, seria admitir fraqueza.
E assim, o que se admira é combatido como se a virtude fosse um defeito. E todo julgamento passa a ser questionável. O preconceito se esconde, então, sob argumentos falsos, que não se sustentam nas mais simples razões, e que cegam a maioria dos que tentam afastar suas fraquezas ante a coragem alheia.
(31 Julho 2016)