CAMINHÃO AMARELO
Como em todos os anos, lá estávamos presente na missa de finados no cemitério.
Na longa e quase interminável leitura das intenções, surge um nome, e em minha mente, um caminhão amarelo (laranja, talvez).
Naquele dia do mês de julho, encostou lá em casa aquele caminhão amarelo. Eu, com o entendimento de quem tem sete anos, vi a nossa mudança ser colocada nele.
A cidade não era longe dali, mas o caminho mais curto, que hoje é muito bom, estava intransitável naquele dia. A estrada de baixo era a alternativa; com o percurso daquele tempo, penso que seria no mínimo umas quatro vezes mais longa que a que normalmente se utilizava e que se utiliza atualmente.
Em cima daquele caminhão rumo à cidade, tudo parecia alegria, não tinha nenhuma noção do significado e nem do por que daquele acontecimento. Ainda guardo na memória, sei lá como, o cheiro da gasolina e o barulho do motor. Vejo ainda a imagem da poeira levantada e, no meio dela, quase imperceptível, o nosso cachorrinho branco, Totó, que corria desesperado tentando nos alcançar. Que crueldade inconsciente.
Que interessante. Sete anos de história deixados nas marcas da estrada e na poeira levantada, recordados em uma leitura de intenção de missa para os falecidos.
Joaquim de ..., um nome que o tempo não me apagou da memória.