POR QUÊ? TEREZA!

Por quê você era assim? Tua pele era encrostada de queimada do frio, teus cabelos não viam água nem pente, tua presença não agradava ninguém, você vinha brincar e a gente fugia de ti.

Por quê tua casa não tinha piso? Por quê as janelas eram trapos rasgados? Por quê não tinha banheiro nem água? Por quê tua cama tinha percevejos? Por quê tuas roupinhas farrapos não tinham o tamanho de ti? Por quê? Tereza!

Por quê você existiu ou existe? Por quê você estava descalça naquela manhã gelada, sobre a grama geada, por quê você chorava? Tereza!

Por quê tua mãe era renegada? Por quê tua mãe era falada? Por quê tua mãe era odiada? Ela também era Tereza, era igualzinha a ti.

Se você me aparece agora na mente, Tereza! pode ser que seja para reclamar algo que o mundo te negou. Quem sabe um presente? Quem sabe um carinho? Quem sabe um olhar sem preconceito, sem repulsa, sem nojo, sem raiva?

Tereza, talvez você tenha sido um anjo que por lá passou e ninguém percebeu, será que só eu te vi?

JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 20/07/2020
Código do texto: T7011662
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