O quiprocó
O rato roeu a roupa do rei de roma
rangeu ruy, o rapaz ranheta da roseira
rara rere riri roro ruru
rico recados aos ramos raptados...
- "O verso que se comporta demais dá bom dia a cavalo", disse o inventor do verso livre ao parnasiano clássico, amante do verso metrificado. "O verso livre há de conhecer todas as vozes nas frases, mas sem frufrus".
- "Ledo engano", disse o inventor da prosa poética, "verso livre é só um engasgo de vírgulas e soluços atrapalhando o fluxo. Desnecessário, como disse Gil pra Preta pelada na capa do CD".
- "Estás enganado", disse o cronista, "A prosa poética tem nojinho das lixeiras das cidades. A crônica é literatura de verdade, sem floreios adjetivantes".
- "Não sabe o que diz", disse o contista, "as crônicas nos coloca submissos apenas a acontecimentos corriqueiros; que pouca querência, meu caro! a vida precisa de mais".
- "Vê-se que não entende bulhufas", disse o romancista, "Um conto é a confissão maior da preguiça do escritor; as pessoas são tantas quantos devem ser os personagens, o mundo é maior que uma janela".
- "Sabe de nada", disse o quadrinista, "A vida sem imagens é morta; a imaginação precisa de concretude para se satisfazer, as palavras são para as imagens e vice-versa".
- "Vão tomar no cu!" disse o leitor.