Memórias: Ele veio sem muita conversa, sem muito explicar.....

Era 3,4 horas da madruga de um dia entre 1958/1960 quando ele chegou, eu não sabia quem era, mas com a liberdade que mandou em nós, devia ser algo nosso.

Queria que eu vestisse um bermudão azul, (ja tinha me obrigado a vestir uma horrorosa camisa xadrez) me recusei e recebi 2 palmadas, (que me fizeram vesti-lo) as únicas de meus pais na minha vida, já que me criei longe deles!

Entramos num carro e ele o dirigiu com a mesma irresponsabilidade com que dirigia a sua/nossa vida, a ponto de uns 100 metros a frente metê-lo num buraco. A prôvidência divina mandou-nos um porre que nos ajudou a sair, chegando em cima da hora na Rodoviária.

Enquanto a voz suave da locutora dizia:

Vá e venha pela Penha, entramos no ônibus sendo colocado la no fundo em cima do motor, (meu pai era motorista e possivelmente conhecia o motorista daquele ônibus) ja que não tinhamos direito a poltrona.

Demos Tchau a nossa mãe através do vidro e áquele que depois viria saber ser meu "pai, sem sentir nada, pois estávamos acostumados a separações diárias por força do trabalho de nossa mãe!

Chegamos a Mafra-Santa Catarina as 6 horas da manhã e um desconhecido motorista de táxi nos apanhou e levou-nos á casa de nossa tia Anita. Recepção com a vizinhança toda presente, ja que gêmios naquela época era raro e tivemos que trocar de roupa, constrangidos, ali em frente de todos.