Pedindo Desculpas
POSSO ter vários defeitos. Assumo todos. Mas sou alguém capaz de reconhecer não só as suas limitações, mas também o fato de estar de certa forma abusando da paciência das hermanas e hermanos que leem as minhas arengas. É que além das arengas do samba de uma nota só, insisto muito em focar no passado, Mas o que e que vou fazer se sou impelido a esse tipo de assunto? E, ultimamente, até por força do "Retiro", penso demais no passado.
Pardón, mas vou continuar, a saudade é mais forte que a razão. A terrinha, o país do passado, a patriazinha é quase uma obsessão. É aquele sentimento de Nabuco, "Meu berço e túmulo dos antepassados". É a lembrança da cidadezinha, da nossa Miraí, tão bem cantada por Ataulfo no seu samba antológico, o lugar onde "a gente era feliz e não sabia". Ontem reli um soneto magnífico de um saudoso poeta pesqueirense, Luiz Cristovão dos Santos que mme fez marejar os olhos, transcrevo o belo soneto:
"Ai chão da minha infância iluminada/ No sol vivo do agreste e do sertão!/ Hoje, não sei se é paraíso ou chão/ Aonde tenho minha alma enraizada.// Tocada de mistério e de magia/ Quixabeiras em flor, nesta paisagem!/ O riacho desliza e na sua vertigem/ Desfaz em espuma a sua nostalgia!// Se recuo no tempo da lembrança/ A primeira que chega, sem tardança,/ É a voz da minha mãe me acalentando!// Ai terra que teceste o meu destino/ Pois, homem feito, volto a ser o menino/ Te querendo, te amando, te lembrando!".
Vou continuar meu cascatear de lembranças, meso que isso possa acarretar um certo distanciamento de alguns generosos leitores, justifico, me desculpem a irreverência com algo que disse Antonio Maria:
"Não desprezeis minhas humildes saudades, mas buscai, em vossa meninice, lembranças parecidas com estas e elas vos restituirão um certo apego, um pouco de bem querer aos dias de hoje, tão sem graça na sua maioria".
Desculpem a insistência no assunto. Inté.