REFLEXÕES CASAMENTEIRAS
Casamento pode ser cilada, ou floração,
depende do humor dos ventos, talvez da fé das pedras,
ou, vai saber, do cheiro do mar.
Casamento engana quando visto de longe
e de perto engana mais ainda.
Tem momentos de riso solto,
tem fases de loucura sem medida,
tem tempos que fazem a Terra girar ao contrário,
como tem.
Casamento se faz de descarrilado quando bem quer,
se diz ofendido quando dá na telha,
se mostra morto quando não vê outra coisa melhor pra fazer.
Então, de repente, suas veias deixam de ser só secas
e viram feras no cio, transformam sua pegada em furacão,
e renasce. Como renasce.
Sai do frio para a caldeira do Demo
como se fosse tirar Deus da forca.
Assim tudo que fedia, que não valia nada,
que não fazia a menor falta, vira ouro, vira aço, vira gosto.
Assim tudo que fugia do tom, que passou do ponto,
que devia ir embora de vez, volta à vida.
Assim tudo que digeria mal, que dava nojo,
que enchia a alma de vergonha, reencontra seu chão.
Assim o pus vira maná.
Assim todo breu vira arco-iris.