Não é não!

Dia desses, enquanto preparava uma refeição, ouvi no noticiário, que as estatísticas de casos de violência contra a mulher aumentavam velozmente no Brasil. Entre um gráfico apontando para os números, vez ou outra apareciam fotos de mulheres que já não vivem, depoimentos de familiares trazendo o drama de suas perdas e uma ou outra conversa entre um jornalista e um delegado de polícia alertando sobre os direitos das mulheres, a importância da defesa pessoal e formas de denunciar uma agressão.

Neste instante recordei-me de vários fatos relacionados à minha vida familiar e profissional e a maneira como desenrolaram os fatos, mas o pensamento que prevaleceu na minha mente foi uma memória um pouco mais recente. Lembrei-me, que quando minha garota aprendeu a falar, costumávamos brincar no sofá. Eram brincadeiras de cócegas, brincadeira de bonecas ou de quebra-cabeças, não importa qual fosse, tratei de ensinar à ela

que quando ela não quisesse mais brincar bastava dizer-me: _ “mamãe, eu não quero mais brincar” ou _“não quero cócegas, mamãe”. E eu, imediatamente cessava a brincadeira.

Ensinei à minha filha naquele instante, num momento de brincadeira, a importância da palavra “não” e acima de tudo, a importância do “não” ser respeitado. Afinal, tão importante quanto pronunciar essa palavra, é ouvir e respeitar a vontade alheia.

Na verdade, eu ensinei à ela, precocemente, uma forma de escolher as companhias, começando a evitar aquelas pessoas que não respeitam a sua vontade. Da mesma forma, ela também teve a oportunidade aprender a ouvir e respeitar, quando alguém lhe disser a palavra “Não”

Isso precisa ser ensinado às crianças, ainda na infância, para que não sejam vítimas, abusadas, violentadas ou caladas por outras crianças em práticas ofensivas como bullying escolar e/ou em casos de violência doméstica e sexual. O “Não”, enquanto substantivo e advérbio masculino, serve para negar e recusar algo. E isso precisa ser entendido do ponto de vista de quem fala, mas também de quem ouve e interpreta-o. E por falar em interpretação, a palavra não, felizmente só pode ser interpretada como NÃO. Não há sinônimos que a substituam e isso faz dessa, uma palavra simples e de fácil entendimento, definitivamente Não é Não.

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Crônica publicada no Jornal da Biblio, Volume 1, nº 2, maio/2020.

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Cheiene Damázio Uggioni
Enviado por Cheiene Damázio Uggioni em 09/07/2020
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