SAMBA DE AMOR, NÃO!!
Nas vielas dos pensamentos, embalado por algazarras na rua, aos poucos e se negando ao retorno, lá se enfiou o sono.
Expulsou, jogando pra fora o desejo de algo marcante.
Veio vindo em preguiçosa marcha num balanço vislumbrando samba, forjando rimas e suplicando um tema.
Das armadilhas infindas e inescapáveis que se apresentam quando se pensa, nada de novo, de original muito menos, de cara lavada, de costumeira intromissão, apresentou-se o amor.
Foi embora o balanço, foram-se as rimas.
Só inocentes pensam em amor ameno.
Samba de amor, não!!!!
O amor arranha! O amor esfola! O amor corta e faz sangrar. O amor braseia tudo. O amor dói quando se ganha! O amor, quando se perde é judiação.
Samba de amor... não!!!!
Pra se falar de amor em samba, é preciso moldar feito massa a poesia. Precisa-se raspar além do limite as paredes da alma. Samba bom, em se tratando de amor, só vem ao se inebriar a mente, tem que se regar o corpo, não vem se não tiver lágrimas, não vem se não tiver saudade. Tem que se enlevar na cachaça, tem que se enlevar na paixão, tem que se esquecer de tudo, tem que se rasgar o coração.
Samba de amor... não!!!!