QUERO CHEIRAR FUMAÇA DE ÓLEO DIESEL

Tirei o título da crônica da música Cálice, do Chico Buarque.

Tem gente que fala que pode fazer o que bem quiser, já que a vida é dele ou dela.

É a mesma gente que diz que pode fumar, porque o pulmão é dele ou dela.

Ou se drogar.

Ou fazer o que bem entender da sua saúde, porque ninguém tem nada com isso.

Só que se essa pessoa tiver um enfisema pulmonar ou alterar o funcionamento do seu sistema nervoso central, complementado por tonturas, náuseas e alucinações intensas, resultado do uso de drogas, alguém terá que entrar em ação - familiar, policial, agente de saúde, amigo ou desconhecido - pra ajudar.

Algum serviço médico, particular ou público será acionado e alguém vai arcar com a conta - SUS, convênio ou próprio bolso.

Fiz essa introdução pra expressar minha indignação com quem não está nem aí com as medidas restritivas da pandemia.

Sai de casa sem máscara, participa de aglomeração voluntária (já as involuntárias como ônibus, metrô e trem são inevitáveis pra muitas pessoas) e acha tudo que o pessoal das saúde fala é besteira, balela, papo furado.

Assim vão propaganda o Covid 19 por todo canto e tornando inócuas as medidas que vão sendo tomadas pra brecar a ação deste vírus que já fez tantas vítimas ao redor do planeta.

Quer cheirar fumaça de óleo diesel, que cheire. Quer se embriagar até que alguém lhe esqueça, se embriague.

Mas não carregue nesta alienação suas gentes queridas e desconhecidas que não têm absolutamente nada a ver com isso.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 08/07/2020
Reeditado em 08/07/2020
Código do texto: T6999411
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