O CORTEJO DAS METÁFORAS DE IDEIAS
Querido alter ego inominado! Observaste como ficou o formato definitivo do texto que nasceu de nossos cochichos? Gostaste do caminho que ele tomou? Ampliou-se de per se, porque, em verdade, é ele próprio que busca o seu caminho. Não podemos conduzi-lo a cabresto a todo o tempo. Os dedos, tanto com a caneta nele ajustada ou a ação de digitar, é um comando que o coração e os neurônios dão a eles com o objetivo de sacramentar a emoção que também escoa como fora água por entre as palpitações da lavratura e os dedos. Neste primeiro momento de criação, a palavra é um sussurro primitivo, um soturno cochicho do mistério, e este nem sempre é traduzível, se não com um esforço de entendimento entre as inquietações e a angústia do fazer-se embrião textual mesmo que ainda sem voz perceptível à compreensão. Bem, após, até mesmo em ato concomitante, ou segundos depois, sobrevém o racional guarda-chuva com o sinete da intelecção: signos, palavras e entendimentos para que a garatuja documental se levante e deambule sozinha até o encontro do letramento com o receptor. Esse o destino do sentencial axiológico: uma palavrinha após a outra, similar a um carreiro de caracóis, cada um com tarefas a cumprir, suportando o peso de carregar lentamente a sua assembleia emocional, que, liquefeita, se derrama sobre o dorso ambulante. E, perplexos, assistamos expectantes ao longo e exaustivo itinerário de seguir andando até quem sabe onde. Haja fôlego!
MONCKS, Joaquim. OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02. Obra inédita, 2015/20.
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