A queda de Weintraub

Na quinta-feira passada (18-06-2020), Abraham Weintraub, ministro da Educação, em vídeo ao lado do Presidente Jair Bolsonaro, anunciou a sua saída do Ministério e que iria assumir a 15ª Diretoria Executiva do Banco Mundial com sede em Washington DC., Capital dos Estados Unidos da América. No sábado (20-06) saiu a exoneração de Weintraub, a pedido do mesmo no Diário Oficial da União.

O cargo está vago e reservado para Weintraub como recompensa. O Banco Mundial tem acionistas de 189 países, e tem como objetivo socorrer países em dificuldades financeiras. O Brasil lidera um grupo de 9 países do qual faz parte. Após o referendo do Presidente, ainda é necessário a aprovação de um Conselho de 25 membros para que Weintraub seja empossado como o novo Diretor.

Na verdade, a saída de Weintraub do Ministério da Educação foi um pedido do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional para apaziguarem os ânimos entre os três poderes. A situação ficou crítica depois da reunião de 22 de abril do corrente ano, em que Weintraub disse: Eu por mim botava esses vagabundos todos na cadeia, começando pelos ministros do STF. Comentário que repercutiu negativamente na mídia mais que as palavras do Presidente Bolsonaro atinentes a interferência na Polícia Federal. Weintraub ainda reafirmou suas palavras num encontro com manifestantes pró Governo agravando a situação.

No meu entender não houve crime de calúnia, nem de injuria nem de difamação inclusos nos artigos 138,139 e 140 do Código Penal Brasileiro. Houve sim uma má interpretação das palavras, porque o ministro não se dirigiu diretamente aos ministros do STF, mas a todos os funcionários corruptos, e por isso se tratar apenas de uma ideologia, manifestação de pensamentos, livre expressão, direito garantido pela Constituição Federal. Mesmo assim, Weintraub foi fritado pela mídia que o condenou por outras palavras de improviso.

Por outro lado, estamos vivendo uma apologia ao “politicamente correto”, onde nem tudo é correto e a verdade é camuflada ou transformada em mentira, que tem como objetivo inibir as pessoas de se expressarem contra os maus costumes ou algo imoral; e onde as palavras se tornam mais importantes que qualquer ação. Quem é político é mais visado ainda por ter um cargo eletivo ou nomeado. Portanto, tudo é motivo para a queda de um ministro e até de impeachment do Presidente.

Não vejo motivo para que 15 associações e mais de 100 personalidades dentre artistas e empresários da área da cultura endereçarem uma carta de repúdio a indicação de Weintraub para a Diretoria do Banco Mundial às embaixadas de países do grupo do Brasil, a não ser pelo salário de 258.570 mil dólares anuais. Até porque Weintraub é formado em Economia pela USP – Universidade de São Paulo -, e já trabalhou no Banco Votorantin (hoje BV) por 18 anos e tem conduta ilibada. Enfim, vamos ser mais racionais que emocionais!

Goiânia, 21-06-2020

Alonso Rodrigues Pimentel

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 21/06/2020
Reeditado em 21/06/2020
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