Quem fica parado é poste!
A sentença que lançamos sobre nós mesmos, em nossas escolhas ou silêncios, nem sempre é a mais acertada, ou a pior, ou a que melhor se encaixa e nos deixa mais feliz.
As vezes nos sentenciamos de maneira tão austera, que, o que era colorido, multifacetado e forte, torna-se tão somente uma tortura.
E essa tortura nos acompanha por anos, e com uma série de efeitos colaterais, como o desânimo, os vícios, a culpa, a depressão, etc.
Alguns sabem conscientemente quando proferiram a sentença e porque, outros, ainda que auto sentenciados, não sabem ao certo porque se condenaram, porém sentem a invisível presença da tortura.
A sentença nem sempre é condenatória, isso é fato, mas, por algum desses mistérios da natureza humana, somos inclinados ao julgamento e ao sentenciamento severo, como se fossemos criminosos.
Aprendemos que não devemos julgar para não sermos julgados, contudo a primeira pessoa que julgamos somos nós mesmos.
A auto crítica, a vigilância, o esmero, acabam se deformando e "procriando" torturas, que evoluem para fantasmas que atormentam nossa alma, muitas vezes por quase uma vida inteira.
Pesado não? Mas acontece.
Mas, e aí, dá prá fazer alguma coisa? E o quê?
Com certeza, dá prá fazer alguma ou muitas coisas, só não sei bem ao certo o quê. Como diz o Zé Carlos, meu amigo lá de Minas - "Cada quar é cada quar", ou seja ( o óbvio), o que funciona prá um não funciona para o outro.
Nesse processo, alguns correm porque dentre todos os benefícios que a corrida trás, suar é como expelir os fantasmas, outros expurgam escrevendo, outros ajudando voluntariamente alguma entidade assistencial, ou uma pessoa necessitada, alguns cantam, outros se alimentam com música, outros aprendem dançar, alguns mudam de emprego, outros aprendem a cozinhar muito bem, e tantos outros etc legais que temos por aí, basta estar conectado com suas dores e não parar. Fácil e bom mesmo seria se pudessemos simplesmente nos olhar profundamente no espelho e dizer: - Saí fantasma que esse corpo não te pertence!
Contudo se assim o fosse, não perceberíamos quantas coisas fantásticas e simples fizemos nesse meio tempo para compensarmos as dores de nosso(s) tormento(s).
Realmente, nada é totalmente ruim, a luz sempre aparece no fim do túnel, ainda que tênue.
Nos transformamos em borboletas, antes mesmo de sairmos do casulo de tormentos, e os nossos fantasmas vão gradualmente enfraquecendo.
O movimento é fundamental, é indispensável. Não dá prá ficar parado!
Como bem diz Zé Simão; - Quem fica parado é poste!
E ser poste e com fantasmas, ninguém merece!