Dói... Como dói...

Dói... Como dói...

(*) Texto de Carla Rejane Silva

HOJE, OLHANDO PARA dentro de mim, percebi meu coração sangrando. Parei, pensei, analisei e voltei a chorar. Não porque meu coração estava partido, mas por me sentir uma tola, uma idiota. Literalmente idiota. Cada vez que tento fazer uma introspecção, pesando pós e contras, percebo, estarrecida, amargurada, sobretudo amargurada, como me entreguei a um sentimento sincero e puro, um sentimento sem malícia, movido, claro, por um enorme desejo...ah!...

Meu Deus, como fui tola em pensar que havia reciprocidade. Como uma pessoa como eu, poderia querer alguém como você? Pior, querer disputar com alguém tão jovem (não só na idade, como na aparência), se não tenho mais aquela jovialidade de outrora? Minha aparência, meus olhos, minha pele, meu corpo já não carregam mais os encantos de uma mocidade que se foi; mesmo minha beleza externa faz bom tempo deixou de existir. Apenas a formosura do "eu interior", que para muitos não tem valor, mesmo elas se tornaram rugosas e apenas uma mancha negra insiste, em cada dia, me mostrar de uma forma cruel e mortificante, que o tempo não para, não retroage, segue sempre em frente... Sempre...

Quantas mentiras ditas, quantas decepções e eu, meu Pai, logo eu, que só queria amar e ser amada. Concluo que você apenas se sentiu no direito de brincar comigo. Nessa brincadeira não se importou em me ver sofrendo e acredito que deve ter dado boas e sonoras gargalhadas. Gargalhadas de deboche deste meu meu amor por você. Ah, como dói como machuca, como fere, sentir na carne a dor do amor que foi pisoteado, esmagado sem piedade. Eu pra você, fui apenas mais um troféu, melhor dito, um brinquedo do qual você se cansou e jogou em um canto qualquer.

Acredite, dói e como dói. Esta dor vai tenho certeza, passará. Sei que demorará um pouco, mas nada melhor que o tempo para curar uma ferida de amor. Que minha desgraça seja a sua felicidade, e que você nunca venha a sofrer desse mal que me causou. Sempre fui sincera e fiel, e nem todo o desabone que me imputou, me fez, ou fará mudar meu jeito de ser. Serei sempre a mesma, como muitas por ai que acreditam no amor, na sinceridade, na confiança e na verdade.

Tenho consciência que, em algum lugar, existe alguém que juntará todos os pedacinhos do meu coração ferido. E me fará sorrir novamente, porque a beleza de uma pessoa, o corpo, e as rugas, são coisas naturais da vida. Um dia o belo acaba. O bonito fica feio, o feio se eterniza, e nessa transformação deixa resquícios de uma vida inteira vivida. Hoje, amanhã, tudo acaba, tudo passa, tudo se esvai, tudo se finda. O coração... Bem, o coração... Esse nunca envelhece.

Texto de: Carla Rejane Silva, de Vila Velha, no Espírito Santo.

Carlasonhadora
Enviado por Carlasonhadora em 29/05/2020
Reeditado em 01/06/2020
Código do texto: T6961798
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