Compartilhamento

Compactuando convencionalmente, pego-me à pena, e não a digitar, visto que a resposta da autoria é autorizar o discurso de mim para outrem sem qualquer repúdio, e com tamanho vilipêndio ponho-me a endireitar-me a fala dentro de uso vulgar do gênero tal para que se faça o ato comunicativo, se é que realmente isso se valora em nossa relação.

O meu papel de estar aqui a produzir de estar aqui a produzir, o teu papel de estar aí, a ler-me, que tal é? Neste momento incomoda-me, sabia? Ah, mas, é claro que não, como saberia, se eu não o enunciasse, não é mesmo? Incomoda-te? Ponho-me a perguntar-me de que tipo és, do que só lê ou do que se põe a publicar, a ponto de, quem sabe, escrever um livro pomposo, lustroso, todo culto, cheio de ordem, e ensinando-nos em como ser e pensar... ou só compartilhas na rede social e status? Hum... então, tens status, não é mesmo?

Palavra gringa, infla o ego, dá até pra ver quem viu, saber quem é fã... ou stalkear! Já pensaste nisso? Como um mico de circo? Ah, não sabes o que é isso? Tipo, se o que já não é politicamente correto,eu mesma sou vegetariana, pensemos noutro termo! Que tal VIGIADO? Mas se foste tu que postaste...

que seja...

Só estou pegando no teu pé, já que, nesse caso, esperamos que teu eu seja autônomo e empoderado, único. Eu mesma... o que estou fazendo, senão, sendo autora, escrevendo para ti, postando, criticando...sabes... tenho um nudes aqui, mas não sei se posso confiar em ti, afinal, quem és tu?

Ah, mas é só um nude, sem rosto, meio seio, meio eu, meia palavra, ordem de fala, compartilhado, queres ver? Estás lendo aí? Ô, volta aqui, tem vídeo e áudio se quiseres.

Esta crônica faz parte da coletânea "Revelar-se autor" da Secretaria Municipal de Educação, publicada em 2019.

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vai lá que fiz uma ilustração também

Laura Lucy Dias
Enviado por Laura Lucy Dias em 24/05/2020
Código do texto: T6957257
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