Palavrões e vocabulário requintado
Notícia: Mulher é estuprada e morta. E tem seu corpo fatiado e, condicionado em sacos plásticos, armazenado num freezer.
Dois homens comentam o caso: João e José.
João, indignado, enraivecido: Que filho-da-p(.)! Aquele bos(.)! Ele matou a moça. Desgraçado! Filho-da-p(.)! Ele... ele violentou a moça... Maldito! Desgraçado! Ele tem de ser preso. Se eu pego aquele maldito! aquele filho-da-p(.)! eu mato ele... Eu enfio um bambu de cinco metros no c(.) dele! Arrebento aquele desgraçado na porrada! Filho-da-p(.)! Que aquele cara vá para o inferno! Que a alma dele queime no inferno! Que filho-da-p(.)! Ele nunca devia ter nascido! Se eu pego ele, eu o mato!
José, sereno, sofisticado: O jovem, injustiçado pela sociedade, um delinquente juvenil, merece, após cometer um ato de justiça social, de inspiração anti-capitalista, correta e justificável, a atenção e a compreensão de todas as autoridades civis, que têm de lhe garantir a integridade física e psicológica. A moça que ele, em sua ação revolucionária, usou de mecanismo de uma complexa engrenagem de promoção de política de supressão de desigualdade, branca, loira, de olhos azuis, rica, de uma família tradicional, filha de um capitalista e empresário ganancioso, conservadora e cristã, era uma agente da opressão das minorais. O jovem delinquente, portanto, movido por um senso elevado de justiça, praticou uma ação meritória.