Em Tempos de Confinamento XXX - Pepitas de Reflexões
Convenhamos que talvez seja uma excelente oportunidade para uma exortação. Tomemos uma decisão: resolver gostar da quarentena. São inúmeras as possibilidades.
Estamos todos aprendendo. Há um outro olhar nessa balança, que é justamente sobressair o cuidado com o outro e o novo convívio intensivo com os seus e com o próprio ser. (re)Aprendendo. Em um transcendente sentido, talvez estivéssemos precisando.
O vírus não escolhe pela cor da camisa que usamos ou pelo automóvel que possuímos. Não precisamos mais nos comparar com os outros. Não há mais por que confundir o personagem com a pessoa. Mais do que nunca percebemos que o agora é tudo o que existe, alguém já disse. Adicionalmente à esta constatação, revelam-se tantas coisas que precisavam de latência, para repousar e renascer.
Podemos dedicar mais estima às especulações intelectuais, veja-se a importância disso. Aliás, é fundamental saber a que não dar importância. E como já disse Graciliano Ramos, em “Memórias do Cárcere”, aproveitar as horas para pensar-se a si mesmo como destino. Porque o mau amor de si mesmo acaba por fazer do isolamento um cativeiro.
E quando não soubermos o que fazer, apenas sentemo-nos e não façamos nada. E esvaziemos a mente. Nós vamos precisar dela. Estamos aqui agora. O que vem depois a gente vê depois. É hora de simplificarmos as coisas o mais que pudermos.
Felizmente, submetendo-nos à inspiração de Jon Kabat-Zinn, temos a preciosa chance de aprender a tomar essa oportunidade que nos convida a envolver-nos, desde o fundo da alma, cada um no melhor da sua maneira, para nos aventurarmos no domínio do possível e do ainda não realizado.
Porque fora das nossas reflexões, fora do nosso plano de ideias, o que vemos é um conjunto absurdo de dizer, desdizer, contradizer, dizer que não disse, esquecer que disse, e isto a todo momento. É uma exposição do pensamento errático do homem. E isto é muito preocupante.