FAMÍLIA JURITI
Saiu do ninho bem cedinho. Antes, um canto contínuo que para nós humanos pode até ser de natureza triste mas, para elas (talvez) seja o modo natural de se comunicar.
O canto ecoou uma, duas, três. Na quarta vez, outro (a) semelhante chegou. Não de sopetão. Veio por longe analisando o terreno. O instinto que a mãe natureza lhe deu indicava uma presença humana naquele pedaço de chão; no caso, meu quintal, e deixou um pouco assustado aquele belo pássaro. Mesmo assim, ele seguiu adiante. Primeiro em cima do muro, depois o bicho pousou suavemente no solo. Um ou dois saltinhos à frente, olhou para cima, reuniu forças e de um só lance de voo chegou ao ninho onde a outra já aparentava certa inquietação.
A conclusão a que cheguei a partir da observação daquela cena, é que ali se tratava de uma “troca de turno” por conta da responsabilidade de cuidar de dois filhotes ainda sem penas e por isso, carentes de cuidados no ninho, sujeito a predadores.
O chegante, acredito que o macho, aparecia naquele instante depois do chamado (canto) para cuidar dos “ meninos, enquanto a que tinha passado a noite e madrugada no ninho, voou rapidamente dali. Era um domingo e, sem muitas tarefas corri e me armei com a máquina fotográfica. Decidi ficar ali quietinho observando aquela cena digamos que , de família.
Não marquei, mas acredito que uma hora depois a outra criatura voltava do voo. Houve um cumprimento protocolar e, o outro (a) logo partiu.
Quietinho fiquei ali, igual a curió na muda, observando e fazendo algumas fotografias, discretamente, para não assustar aquele bonito encontro.
Segundos depois, verifiquei uma folia danada no ninho. Encerrava ali minha curiosidade: a juriti pupu, a espécie identificada no meu quintal, voltou. Tinha saído para buscar alimento para os filhotes que, uma semana e meia depois, criaram asas, aprenderam a voar e foram embora. Buscaram um mundo novo. Foram construir outros ninhos!
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