Depois do Filme
 

O velho relógio, presente do antigo e centenário morador da residência, na parede bateu 00h30. Era o final do Filme "Roma, Cidade Aberta, 1945". O dia seguinte não seria feriado, nem final de semana ainda. Por isso, dormir após esse horário só acarretaria indisposição no trabalho e, consequentemente baixa produtividade.
Após o café da manhã, Irina ligou a tevê. Costumava assistir a primeira parte do noticiário. Enquanto isso, Fred, que não era muito "fã" de telejornais, bocejando se espreguiçava na poltrona da varanda, ainda calçando os sapatos e, um tanto aborrecido chegou a exclamar em voz alta, interrompendo a atenção da esposa que, compenetrada acompanhava as notícias: "Aff!... por que o Sr. Alvaro não deixou para partir na quinta-feira? Assim, nosso final de semana se prolongaria mais um pouco, tendo em vista que não precisaríamos sair para trabalhar numa sexta-feira enfadonha como essa"! Fred se esqueceu que a morte tanto quanto a vida é imprevisível.
Para distraí-lo um pouco, fazê-lo mudar de foco, Irina desligou a tevê e puxou conversa sobre o Filme, assim permaneceram durante os 20 minutos que restavam antes de sair.
Fred e Irina haviam sido dispensados do trabalho no expediente vespertino no dia anterior.
O entardecer como era habitual, já havia preparado o ocaso, e anunciado que o Sol sairia de cena mais cedo naquela Quarta-feira. Em meio às folhagens do arvoredo dava para ver os feixes de luz que se despediam da terra, cabisbaixos como se agonizassem, como se não tivessem perspectiva de retornar com a nova alvorada.
A notícia da morte de um antigo e ilustre filho da terra que, embora vivendo em outro Continente, não era menos importante dado o prestígio do qual desfrutava em meio à sociedade local. O acontecimento triste e inesperado comoveu toda a população, inclusive os mais jovens, por haverem conhecido sua relevante história de vida, através de seus pais e avós. O gestor, não menos que de repente decretou ponto facultativo durante a tarde que, obviamente coincidia com o momento do velório e sepultamento do Sr. Alvaro Rebello. Mas o Decreto não parou por aí. Teve mais três dias de luto oficial. E pasmem aqueles(as) que não conhecem fatos como esse: Ignorando as razões, algumas pessoas até ficam contentes quando se trata de faltar ao trabalho sem incorrer no risco de levar falta e receber os vencimentos com descontos.

O casal nem imaginava que na semana subsequente entraria para o isolamento social, por conta de uma guerra totalmente diferente (daquelas vistas nos Filmes) cujo inimigo além de invisível é muito potente e possui capacidade célere de disseminação. Fred também não tinha sequer noção de quanto, poder se aprontar e sair para o trabalho, e à noite e finais de semana poder sair para se divertir no bar com os amigos ou ir ao Shopping com Irina, iria lhe fazer tanta falta!

Isolamento social pode agravar quadros de depressão e ansiedade ...
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Sigamos confiantes, fortes, cheios de coragem e otimismo, fé e determinação. O inimigo não irá obter vitória sobre nós! Infelizmente, embora seja real, e muito doloroso sabermos das perdas de tantas e tantas pessoas!... Sejamos solidários e oremos por suas almas, incluindo as almas de todos os servidores da saúde pública ou privada, que estiveram e, muitos ainda estão, talvez não no Brasil, mas em alguns lugares no mundo, na linha de frente ou indiretamente, entre os quais, milhares de vezes perderam a batalha para o Covid-19... Oremos também por esses profissionais, e por todos e todas que resistem bravamente lutando pela vida!
Forte abraço e grande beijo em cada um(a) de vocês!!

Meu carinho e meu amor...
Aparecida Ramos


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"Assim, um dos maiores desafios do ser humano é enfrentar o inesperado, o imprevisto, a catástrofe, a tragédia. Guerras, terremotos, erupções vulcânicas, tornados e furacões, enchentes, secas, acidentes, epidemias... São milhões de pessoas que se veem de uma hora para outra desprovidas de chão, de segurança, de abrigo, de alimentação, de saúde. Estamos comemorando em 2014 os 100 anos da Primeira Grande Guerra (1914-1918) quando 19 milhões de pessoas (nove milhões de militares e dez milhões de civis) perderam a vida. Some-se a isso a gripe espanhola que matou 40 milhões de pessoas entre 1918-1919.
Temos que fazer a nossa parte com toda a consciência para promover a segurança, a saúde e a paz em todos os ambientes. Temos que ser previdentes e usar toda a nossa inteligência e vontade para evitar tragédias evitáveis".
Professor Luiz Marins

Trechos do Artigo escrito por ocasião do acidente aéreo que vitimou fatalmente Eduardo Campos, candidato à presidência da República, em 2014.

Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 02/05/2020
Reeditado em 18/12/2021
Código do texto: T6935177
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