O Dia Em Que a Luz Se Foi

O breu nunca fora tão breu

Não fosse a luz artificial no teto

Nada via-se além do escuro deserto

A lua se escondeu

O sol já fora-se aos seus aposentos

Somente ouvia-se o cantar da noite ao relento

Papai divertia-se no leito do seu conforto

Estava sereno, contanto nada disposto

Curtia preguiça no seu harém

Mamãe de cá pra lá sem parar

Arruma aqui, limpa ali, lava acolá

Animada, tranquila porém

Minha irmã estava a banhar-se

Nada lhe importava, nem mesmo lembrasse

Se não fosse de valor, nada convém

Eu, nem mesmo sei o que fazia

Se fora sonho, desespero ou fantasia

Sentia falta de alguém

Cada um de nós com sua preocupação

Esquecidos da vida, em nossos espaços

O escuro pairou, a noite caiu no laço

Nada queríamos não fosse o apagão

Foi um descontentamento, uma decepção

Pegos de surpresa, nenhuma precaução

Saímos de nós, fomos de encontro

Às luzes de velas, a diversão foram os contos

Mamãe lacrimejava de tanto rir

Papai viajava nas histórias contadas

Minha irmã às gargalhadas ao se divertir

Eu preenchido, a resposta era exata

A falta de alguém, na verdade era de algo

Algo que há tempos não se via

O “eu” de cada foi-se ao vento

Como é bom aproveitar os momentos da vida