ESTALIDO
ESTALIDO
Demorei muitas décadas para entender o estalido na cabeça do sábio escritor, filósofo e psicólogo luso-brasileiro Padre Antonio Manuel Vieira. Ouvi dizer e não encontrei em várias pesquisas como encontrar, que ele teve um estalido a um certo tempo de sua vida que o fez virar de cabeça para baixo inumeráveis conceitos.
Será que se me houve também, com o passar do tempo, aquele estalido? Vejo-me no alto de um morro, não tão alto quanto o Himalaia, mas o bastante para entrever um horizonte bem longínquo, com uma visão panorâmica da existência.
O que estaria ocorrendo? Seria o acúmulo das experiências vividas nessa existência? Nem eu o sei! Todavia o certo é que uma revolução cerebral me ocorre. Vejo-me pequenino na poeirenta Rua Joaquim Nabuco, no seu começo, ao lado da Antarctica, onde naqueles tempos um muro isolava a linha férrea da Mojiana no começo da Rua Castro Alves. Inda hoje se encontra intransponível, sendo contra-mão de direção à Rotatória Amin Calil.
Mas, como o pensamento, que parece uma coisa à-toa, “como é que a gente voa quando começa a pensar”, vejo-me no alto daquele morro a contemplar não mais a minha querida Vila Tibério, nem os caciques dos Campos Elíseos, mas uma Ribeirão megalópole, com muitas faculdades, palco da intectualidade, aonde o progresso chegou às pressas e deixou muitas cidades vizinhas a ver navios.
O caso não é esse. Para todo lado que olho vejo a magna evolução técnica havida:as comunicações; as vias de transportes; a medicina, a cultura em geral, as ciências, e resumindo: o rádio, o jornal, a televisão, o avião, os jatos, o fax, o computador, a Internet, a telefonia celular, etc, etc. tal que assustaria até Gran Bell.
E os progressos morais, espirituais, como é que ficou? Quando era garoto, camisinha era tabu, hoje a mostram vestindo bananas...Levei um bocado de tempo (meses) para o primeiro beijo na boca de minha namorada, hoje esposa com bodas de ouro festejada recentemente. Não sou um grande moralista, tão pecaminoso que se colocarmos as minhas virtudes numa balança de prato num lado e os defeitos soltos a uma distância de vinte centímetros de altura, as virtudes vão parar lá no céu.
Os tempos passam e estou observando muito progresso intectual, cientifico, técnico, etc, mas muito pouco ainda eticamente. O que estaria faltando aos seres humanos dotados de inteligência, razão, tirocínio, intelectualidade, equilíbrio? Religião? Exemplos? Conselhos?
Os casamentos que consolidam os lares estão sofrendo derrocadas com a histórica do ficar, que acabam com aquele conceito: “amigados, concubinados, amasiados, etc, com amor, casados são!
Assusto-me pois, quando penso que também entrei no estalido do Padre Vieira.
Antonio Luiz Cabral – alacalado@hotmail.com. – Rib.Preto, 09 de outubro de 2007.