FICÇÃO OU REALIDADE POSSÍVEL? VAI SABER...

Então aquela indústria farmacêutica, que já foi uma das maiores do país

estava mal das pernas.

Com a morte do fundador, os herdeiros que a ganharam de mão beijada, passados alguns anos de péssima gestão a deixaram num estágio de fecha-não-fecha.

Naquela reunião, no final do expediente de 6a. feira numa semana que só jorraram problemas e mais problemas, o presidente deu um veredicto pro pessoal do Conselho: ou encontravam uma solução mágica pra virarem o jogo, ou todos perderiam a boquinha daquela gorda retirada de grana ao final de cada ano fiscal. Mesmo com a empresa no vermelho há vários e atolada em dívidas com bancos e agiotas.

A coisa estava feia mesmo.

Foi quando o Ernesto, engenheiro químico, disse que tinha um possível caminho que poderia salvar a lavoura.

E se tivessem um produto essencial para consumo de 7 bilhões de pessoas?

Não, ele não errou no número, eram 7 bilhões mesmo.

Algo que todos os habitantes do planeta precisariam e só eles teriam pra vender - e ninguém mais!.

Todos riram achando estava caducando, do alto dos seus 62 anos.

Então ele se levantou e contou seu plano.

- "Imaginem que desenvolvêssemos uma bactéria letal no laboratório da indústria. E que pesquisássemos uma forma de matar essa bactéria que fosse infalível, já que, tendo sido criada em casa, não seria muito complicado identificar o seu genoma e criar uma vacina que a aniquilasse integralmente, mesmo que passasse por mutações em seguida.

E faríamos todos os testes, inclusive com placebo, devidamente auditado por uma empresa independente e com credibilidade internacional.

Tudo seria feito na maior surdina - desenvolvimento da bactéria assassina, vacina, testes e validação.

Daí era só escolher um lugar pra jogá-la e esperar que contaminasse as pessoas, que passariam pra outras pessoas e mais outras pessoas...

Até o mundo todo ficar infectado, causando uma quantidade de mortes exponencial.

Tudo isso aconteceria muito rápido e quando os cientistas de vários países estivessem desenvolvendo a vacina, nós já a teríamos pronta, devidamente testada e aprovada.

Seria fundamental que todas etapas fossem "oficialmente" cumpridas após já terem um grande número de pessoas contaminadas, pra não aparecer que era marmelada, que foi feito feito antes de todo mundo.

Então era só vender, vender e vender pra 7 bilhões de pessoas.

Alguns membros do Conselho levantaram a questão ética, afinal uma pandemia assim mataria milhares, talvez milhões, de pessoas e arrasaria com a economia mundial, já que certamente seria necessário um confinamento pra evitar que a bactéria contaminasse ainda mais pessoas por todo o planeta, protesto que foi rebatido por alguns dos presentes na reunião, alegando que na guerra pelo sobrevivência vale tudo.

E que essas pessoas que morreriam infectadas não eram imortais e que acabariam morrendo um dia de qualquer modo - seja por acidente, doença ou velhice.

Então, de fato, estariam só antecipando um pouco o seu óbito, nada mais do que isso.

Depois de um silêncio geral na mesa, para reflexão geral, a decisão foi tomada.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 18/04/2020
Reeditado em 13/11/2021
Código do texto: T6921154
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