O (quase) nascimento de um cronista
O (quase) nascimento de um cronista
Garanhuns, PE. 08 de Abril de 2020
23:50
Data de 1996 a primeira edição de “O golpe do aniversariante”, de Walcyr Carrasco, primeiro do gênero que li ainda enquanto menino, por volta dos anos 2000 talvez.
Lembro-me até hoje do exemplar que tinha, embora não saiba ao certo qual a sua edição. O livro tinha uma capa em tons pastéis, com uma arte caricata do golpista ardiloso ao qual o título se refere.
Hoje, tantos anos depois, por não achar meu exemplar original, decidi comprar novamente o livro em sua edição mais recente, de 2016.
Apesar da passagem do tempo e de tudo que muda na vida das pessoas, reler estas crônicas fazem-me sentir-me novamente um menino, deslumbrado com o mundo e com a habilidade que poucos tem de descrevê-lo em seus mais belos detalhes.
Foi este livro que, lá atrás, incutiu em mim a ideia de escrever. E o ferrete foi tão bem aplicado que não consigo ver-me escrevendo nada mais além de crônicas, embora raramente esteja satisfeito com as minhas próprias.
Sei que o próprio Walcyr Carrasco escreve muito mais do que Crônicas mas não tenho o seu talento para a escrita (embora o deseje bastante).
A mim bastariam esses textos fantásticos que hoje parecem tão curtos quando comparados com os textões de facebook, whatsapp e instagram mas que capturam a essência humana muito melhor do que qualquer influencer.
Desde quando li O Golpe do Aniversariante pela primeira vez eu quis ser um cronista tão bom quanto como me sinto ao lê-lo, ainda hoje. Mas não é justo dizer que o “eu, cronista”, nasceu ali. Fui apenas concebido.
Ainda há um longo caminho a trilhar.